"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

sábado, julho 20

Artes cínicas

Não se trata de uma palavra parônima ou uma brincadeira proposital regada de ironia para falar de artes cênicas, é cínica mesmo. Há por aí aos montes e talvez você também conheça, alguém de sua convivência com tais dotes, um artista cínico.

Mas, a origem do cínico vai além de sua semântica, que despreza as conveniências sociais, muito pelo contrário, este ser específico, reconhece as oportunidades em explorar os potenciais alheios de modo a servi-lo, e não se furta de enredar tantos quantos forem necessários para que convenham aos fins em que ele for o beneficiário direto. Tão pouco economiza energia caso tenha de enveredar por outros caminhos não tão dignos.

Artífice, porque leva-se um tempo até identificar seu caráter obsceno, outro tempo mais para ver que pessoa dissoluta chega a ser, desde que a finalidade seja sempre o próprio sucesso, obviamente.

É uma trama tão bem feita, que os otários passam pelo chamado “tempo da piada” e riem exageradamente, sem notar sua patética participação no enredo, até que no fim do ato, todas as máscaras caem, e lá está você rindo de si mesmo, por não ter valor algum, por não ter entendido que o gracejo é ninguém além de você e, no fim das contas, pagar para ser motivo de riso.

quinta-feira, julho 18

Construção poética de um texto

Alinhar opiniões, imagens, juízos parece um ato singelo, há os capazes de executar com primazia, quase como um reflexo. Talvez por essa superficial noção, exista o pensamento equivocado de que qualquer um seja capaz de escrever de modo a tocar os sentimentos de alguém. 

Particularmente a coisa toda ganha largas proporções, é como vincular mundos distintos. Obter sucesso na conexão de ideias seria algo muito parecido com uma ponte. Sei o formato que uma ponte pode ter e o material que poderei empregar. Porém, um texto escrito com sentimento é mais que isso. 

É a forma que os mundos têm de se aproximarem, o meu mundo do seu. As palavras precisam ser bem escolhidas, para que a existência não seja aleatória, a intenção é mais complexa. Cada palavra, frase, num contexto, formará o juízo e, esta, acarretará em uma emoção. 

Isso sim é mágico. 

Às vezes paro diante da construção da ponte, imagino qual modelo ficaria melhor, uma ponte de madeira, de concreto, de corda, uma ponte frágil, que pode facilmente ser desgastada com o tempo, ou de repente, até aquela já destruída para que você se aventure a atravessa-la e assuma correr riscos. 

Essa ponte como disse anteriormente é aquela palavra da qual tenho vaga lembrança, e insisto nela, para que torne a conjectura na qual me insiro e quero inseri-lo, em um universo específico. 

Esse texto só foi possível, porque parei exatamente entre dois cumes, cuja ponte precisarei construir. 

quarta-feira, julho 17

Discurso dos meus métodos

Reflexões e auto-retrato
Não existe ética diferenciada para cada ambiente que você frequenta. Meus valores não mudam conforme os membros que compõem uma mesa. Não faço politicagem.

O que tenho a dizer falo na cara, não espero que ninguém se retire para isso. E, não abro mão da minha satisfação pessoal para agradar ninguém. Há um caminho extremamente distinto entre integridade moral e babaquice.

Não acato discurso medíocre, tão pouco, falsa motivação.
Nunca me submeti por dinheiro a ter de trabalhar com gente que não me fazia bem e não o faço de graça.

Amor? Ter amor ao trabalho, a arte, as pessoas nada tem a ver com submissão cega e descabida.

Até o ridículo tem senso.