"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

sexta-feira, abril 29

1º Congresso de Jornalismo da Universidade Federal do Amapá

  O Curso de Jornalismo da UNIFAP, ainda bebê já ensaia passos ousados rumo à disseminação de conhecimento. Para isso três dias foram escolhidos para fomentar discussões pertinentes, com o intuito de reunir alunos da instituição, professores, profissionais da área da Comunicação Social e a comunidade amapaense.

PROGRAMAÇÃO:
1º Congresso de Jornalismo da Unifap

  • Sexta-feira, 27 de maio: Abertura e palestra de Francisco Ornellas – “Jornalista do Futuro”: O Case do projeto Foca – 18h30 no Anfiteatro da Unifap;
  • Sábado, 28 de maio: Mesa Redonda “A Ética na Comunicação” – Participação de Jornalistas e profissionais da área de Comunicação no Amapá – 10h no Anfiteatro da Unifap
  • Mostra de vídeos de 01 a 05 minutos que participam do CONCURSO VÍDEOS CRIATIVOS. Poderão participar inscritos no congresso. Os temas poderão ser de ficção ou documentários.
  • Segunda-feira, 30 de maio: Palestra com a pós-doutora Joana Puntel – “O jornalismo moderno” – 18h30 no Anfiteatro da Unifap Premiação do 1º, 2º e 3º lugar do Concurso de Vídeos e Encerramento.

Fonte: Cronicando…

terça-feira, abril 26

Sem Sinal

CARTAZSEMSINALFINAL  O curta conta a estória de um grupo de adolescentes que resolvem passar um final de semana em uma casa na beira do lago, chegando ao local um dos jovens que compunham o grupo é encontrado morto, então o restante dos adolescentes se trancam dentro da casa e precisam encontrar uma maneira de escapar do assassino.

  Após a exibição do curta, será aberto espaço para debate a respeito da produção, o que possibilitará a interação entre estudantes, produtores e pesquisadores ligados ao campo da comunicação social e das artes, buscando fortalecer o circuito audiovisual no Estado do Amapá.

 

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Thainá Rodrigues
Assessoria de Comunicação e Marketing - ASCOM
SESC Amapá
(96) 3241-4440, ramal 235

segunda-feira, abril 25

Organismos massificados… ou não!

11  Volume, substantivo masculino designado a um corpo qualquer, extensão, grossura, intensidade, força, ampliação de sons ou massa.

  O volume dentro de um recipiente consideravelmente pequeno pode vir a transbordar, obviamente que dentro de uma lógica mais prática, o excesso constatado diz respeito a algo que sobra e sendo assim, descartável.

  Transpondo para uma realidade onde os agentes passam a ser seres humanos e, “supostamente” dotados de alguma inteligência, podemos analisar que ninguém quer ser volume de nada, muito menos massa.

  O desejo coletivo na verdade corresponde a peças fundamentais de uma engrenagem, onde todos passariam a ser importantes. Alguns, geralmente os que naturalmente se destacam, apreciam o volume, quantidade e explicitamente se esquecem da qualidade. Tanto faz ter um monte de gente fingindo que ouve, raramente se dão conta de seus próprios excessos. Bastam apenas os aplausos.

  O que de alguma forma é sempre apaziguado com o argumento de que com o tempo tudo se ajeitará, a organização virá. Quanto tempo ainda?

* Meu jeito de ser menos agressiva possível. Maravilhoso deveria ser um adjetivo abolido da língua portuguesa. E, tem coisas impossíveis de engolir.

sábado, abril 23

Retrospectiva egoísta


Chega de nós  Os dias não têm sido iguais. Cada um com seu valor e potência energética me consomem num gozo voraz e na hora seguinte, não lembro mais.

  Assim será até que meus sentidos tenham perdido a intenção de me controlar. Me encontro como uma quase perfeita metralhadora giratória travada num só alvo: Eu (myself)! O importante sou eu, o que fiz, o que farei... E danem-se os nós.

  Que transformação é esta que me reduz a um ser maléfico sem vontade de compartilhar, se até agora tudo que fiz foi doar partes de mim? Meus cacos estão partidos e partindo para lugar algum, com isso me sinto mais forte. Quem entende? Ninguém é bom o bastante para juntá-los, quero que permaneçam assim, soltos, livres, dispersos.

  As quedas vieram para que pudesse me levantar. E tenho caído muito. Há marcas e se espalham pelo meu corpo, nem lembro como as fiz. Amanhã não doerão mais... nem menos.

  Efêmeras, transitórias, volúveis, sensações ou impressões de ter tido alguma ou muitas. Não perco tempo em procurar achar respostas, espalho-as pelos cantos e espero que sejam varridas por mentes desavisadas.

  Não analiso mais sentimentos, não sei se me permito sentir... ou não sentir. Desfaço os laços, todos...

sexta-feira, abril 22

Chuva

2 Vejo pelas grades do portão

As gotas furiosas de chuva,

que se jogam suicidas ao chão;

E, formam poças.

Lavam a alma e findam planos…

Que vida breve!

segunda-feira, abril 18

Direção Defensiva

( Parte I )

by @aeciocortezolli

Grenouille en scooter  Da primeira vez que ouvi alguém falar nesse tema até hoje, já passa algum tempo e de lá para cá fiz dois cursos de Direção Defensiva e um de Direção Defensiva e Ofensiva, esse último específico e direcionado a um público restrito, ministrado por integrantes do Departamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF-AP) eminentemente prático com instrutores de extrema perícia e vivência no assunto em âmbito nacional.

  Mas, voltando ao ponto inicial e diretamente no assunto, na primeira aula o instrutor dirigiu-se a todos e expôs a seguinte situação: - Você se depara com uma batida que envolve dois veículos, tendo um abalroado à traseira do outro, a pergunta que vem em mente é: “- Quem é o culpado?”.

  Logicamente que todos responderam e você também deve estar pensando: - O de trás. Teoricamente “sim”, porém com o decorrer de vários aspectos a serem analisados veremos que essa inferência é no mínimo prematura. Pois, a direção defensiva nos oferece outro prisma, a começar por questionar o que o condutor da frente fez para evitar o acidente? E, baseado nisso veremos que ele em determinados acontecidos é e, será tão culpado quanto o de trás que bateu.

  Você que possui CNH, que assistiu algum curso (digo, assistir com o corpo e a mente presentes, com o celular desligado, despreocupado com o almoço; as crianças na escola; o sono; o pagamento que está longe; as contas atrasadas e tudo mais que serve de evasivas para desviar a atenção da atividade-fim), sabe perfeitamente que alguns detalhes são fundamentais para a prevenção de acidentes banais como esse.

  Não pretendo pormenorizar, pois além de entrar em área que gera recursos e isso poderia ser tomado por alguém como um afronte aos seus interesses, inibiria aos futuros alunos dispensar maior atenção, e minha intenção é exatamente ao contrário.

Grenouille avec des lunettes  A modernidade, a gama de produtos e serviços oferecidos hoje, têm desvirtuado aspectos importantes e extremamente vitais para a segurança no trânsito.

Eis alguns: Pará-brisas (muito) escuros; faróis de xénon; som; pen-drive; DVD player; lanternas traseiras com cores diversas (a luz vermelha tem a ver com propagação pela influência direta da atmosfera, não é mero acaso); única luz de ré; adesivos e por aí vai, não obstante, alia-se: impaciência; não uso do cinto de segurança; o condutor com óculos de sol; sentado com desconforto (banco desajustado); fones de ouvido;

  Celular; cigarro; bebida (e veja que não necessariamente com teor alcoólico, até mesmo o ato de ingerir água com o veículo em movimento, leva o condutor além de desviar a atenção tirar uma mão do volante); crianças; animais; “esquecimento” de sinalizar a mudança de direção (setas), já eu afirmo falta de costume, desleixo, distância mínima (frenagem) etc. Vejam que omiti de propósito questões de cunho pessoal inerentes a cada condutor tais como: biotipo, necessidades de lentes, adaptações especiais, etc.

  Depois disso tudo vamos agregar ruas esburacadas, mal sinalizadas, pedestres, ciclistas na contra-mão, “motoqueiros” (grifo meu pois, sou motociclista), adversidades climáticas, manutenção do veículo (direção, freio, suspensão, pneus, luzes de freio, ré e de mudança de direção), crianças (muitas vezes nem tão crianças) em plena na rua com pipas, bola, taco, queimada, entre outras tantas situações as vezes inusitadas.

  Nesta primeira parte o propósito é unir-me a outros desejosos de ver a tão sonhada paz no trânsito e contribuir de alguma maneira para que no mínimo haja uma reflexão de que todos nós temos e devemos responsabilidades, condutor ou não, com habilitação ou não, até mesmo como passageiro no banco de trás do táxi ainda, podemos sobremaneira contribuir.

domingo, abril 17

Undergrounds em território playboy

Máscaras para que amanhã eu possa esquecer o que vivi hoje  Tem momentos em que somos acometidos por uma vontade incontrolável de fazer tudo ao mesmo tempo e, pessoas com essa particularidade tendem a ser atraídas por outras com características parecidas.

O mais interessante é a sintonia que propositalmente muda completamente a rota! Mas, o que isso tudo tem a ver com undergrounds em terreno playboy? Tudo!

  Os hábitos às vezes incomodam. Ir sempre aos mesmos lugares, inevitavelmente faz com que nos deparemos com as mesmas pessoas, por conseguinte podem não ter nada mais a acrescentar. Discorrendo ainda pela linha tênue do experimentalismo, ousar ou dar um passo para o precipício de olhos fechados… pintar a tela em branco*, assim como se permitir fazer o que nunca se fez antes*, podem ser interpretados como impulsos que não devem ser renegados ou reprimidos...

  Se permitimos conhecer novos territórios, pode ser tão chato, saber o quanto fútil as pessoas podem ser, tão vazias... O pior é que apesar da pose continuam a transpirar a ausência interior por todos os poros. A falta de educação desconstrói a ideia de que educação obtida em bancos escolares seja de fato solução para falta de caráter ou valores morais, ali... quanto maior o grau de instrução, maior a grosseria por pouca coisa. Quem sai de casa para isso?

  O divertimento é rir e saber que de certa forma é possível observar de fora, sem se contaminar com a vacância de qualquer coisa. Sobram apenas perfumes ruins, roupas deselegantes e os excessos obviamente, de todos os gêneros. Apesar de claustrofóbico, é bom saber que não são os lugares que fazem as pessoas, mas o inverso.

  Todas as bobagens assimiladas, perdidas em algumas doses entorpecentes de não querer recordar nada, despertam mais avidamente depois de ler poucas linhas de Bukowski disponíveis na mesa ao lado da cama. E sem saber o que fazer, nem para onde ir, nem os motivos de não saber... Surge a necessidade de exercitar a arte de pensar em não pensar em nada, nem na hora, tão pouco depois.

  O que vale é a diversão, o momento, apesar da espera, do cansaço e do deslocamento, das marcas pelo corpo, das farpas, de todo o esquecimento. Enfim, sábado incrivelmente produtivo.

(*) Dicas de Sílvio Carneiro e Thayná Rodrigues respectivamente. Colaboração direta Camila Karina e Camila Ramos para o sábado ser como foi.

domingo, abril 10

Perigo na Língua

by @aeciocortezolli

P1120709  Pela segunda vez nesta cidade e, agora com um tempo maior (lá se vão cinco anos). Aos 50 anos de idade, desses mais de 28 anos dedicados integralmente à nação por meio do Exército.

  Com uma vivência nacional desde 1979, quando ingressei em suas fileiras, o máximo que permaneci no mesmo local foram 7 anos (passados no RS, PR, PA e AP), sempre procurei a prática da boa vizinhança. Ver; ouvir; apreciar ou mesmo refutar, porém com o extremo cuidado de não ferir sentimentos, muito menos o brio do lugar, afinal meu lema é: “ - Eu sou de onde estou.”

  Acompanhei os “modismos”, tais como: acessível (aquecessível); desapercebido (querendo dizer sem ser notado); a nível de; por conta de; questão; projeto (esse então! Pasmem! Há projetos que já perduram por mais de 5 até 10 anos e, eu fico me perguntando, quando irão se transformar em obras, trabalhos, produtos ou serviços, será que sairão do papel?). A verdade é que temos uma indisposição para voltar ao dicionário e quanto mais temos a certeza de que já sabemos tudo é aí que cometemos os maiores pecados com a nossa língua, por ação ou por omissão.

  Ah! Tem um grande porém, não posso esquecer o dialeto. - Muito bem. É aceitável, mas, desde que esse não deturpe a língua mater e não maternal. Como exemplo correto e aceitável de uso do dialeto são os nomes de bichos/aves para designar órgãos genitais; nomes de plantas/árvores/peixes, costumes advindos de quilombos e/ou aldeias indígenas.

  Agora, expressões como: dor na “costa” (porção de terra ao longo do mar; litoral); “indentidade”; inzame” (seria exame), “cussti; divessti; invesstido; Avesstino” (seria curtir; divertir; invertido; Avertino Ramos, nome próprio); “dôs; más; macsi; micsi; sês; xerocsi, (dois; mais; max; mix; seis; xérox) tudo com o som de “xis” muito carregado. Assisti a apresentadora de um telejornal anunciar que “más notícias” às 19:30h, logo me veio a pergunta, que horário seriam as “boas”?

  E é exatamente nesse ponto que o perigo se torna latente, como um pai; um professor ou mesmo um amigo poderá orientar uma criança que inicia sua alfabetização a se expressar ou a escrever corretamente, se a todo instante nos mais longínquos e humildes recantos e/ou locais de trabalho são invadidos por canais de TV e o que se vê e ouve são essas expressões. Lembre-se daquela jovem que foi eliminada do soletrando por ter trocado o “l” pelo “u”?

  Quantas pronunciam “papeu” (papel) e nós nem sequer podemos corrigi-las. Outrora recebi uns escritos por correio eletrônico ou por meio de “chats” (bate-papo) com erros clássicos, tudo bem, atribuímos ao tempo, ao espaço físico ou ainda, à quantidade máxima de caracteres permitidos, a saber: “agente, afim, mau” (seria “mal”) e muitos impropérios à língua. Mas, o que me levou a escrever estas mal traçadas linhas foi indubitavelmente (que me perdoem meus amigos de “on-line”) uma obra escrita que acabei de ler. Consegui por empréstimo.

  Normalmente quando lemos uma obra, citamos seu título, autor, ano, editora, enfim para que sirva de referência. Recomendamos como por exemplo Em nome da Rosa; Código da Vinci (best-sellers) entre tantos que acabaram em filmes mesmo que muito resumidos à obra, entretanto, a supra referida, deixou-me profundamente desapontado. Constitui-se de uma coletânea de crônicas escritas basicamente de jornalistas e/ou acadêmicos de jornalismo e que futuramente estarão no mercado de trabalho, fatalmente cometendo os mesmos erros. Sem contar que algumas sequer condizem com o título.

  Tive a nítida impressão que as pessoas responsáveis pela revisão e da apresentação confiaram demasiadamente nos autores e o nivelamento ficara por baixo. Lamento que essas, deram seu aval, emprestaram suas respectivas chancelas, por algo, no mínimo displicente.

  Erros crassos e descabidos para o nível e responsabilidade social ao público-alvo. Pois saibam todos que alguém, em algum lugar e em alguma hora qualquer irá sim, ler; ver; ouvir; assistir e analisar cada palavra sua pronunciada ou escrita e, principalmente essa última que perpetuar-se-á nos anais da história, daqui 10, 20, 30 anos o que você escreveu estará lá do mesmo jeito e, você perdeu a rara oportunidade de brilhar.

  Desde “concerto” (seria consertar) à incerteza de emprego do pronome demonstrativo: esse, essa, este, esta. A conjugação de verbos e por aí vai. Mas, se até os jornalistas mais experientes ainda dizem: “- o jornal..está de volta amanhã...” (futuro do presente do Indicativo – 3ª pessoa), por que não dizer estará? Ou estaremos, voltaremos, retornaremos, nooosssaa o português é tão rico de sinônimos e de verbos.

*Grifo meu – Vale ressaltar que críticas são críticas, não existe a construtiva ou destrutiva, essas subcategorias são interpretações de pessoas com capacidade e amadurecimento intelectual para fazê-las o que não é comum de perceber, já que os interesses em autopromoção são sempre tão evidentes, quanto os erros grotescos. Ainda não li o livro, mas respeito as opiniões e admiro as pessoas que conseguem manter seus critérios de avaliação sem medo de melindrar A ou B.

E, acredito que a acidez vem para abrir os olhos das pessoas que tem interesse em crescer. Que não se contentam com um tapinha nas costas para tudo que fazem, sem avaliações contundentes. Aécio Cortezolli é crítico e meu pai, hoje sou quem sou graças à muitas das verdades que ouvi dele e de minha mãe, e garanto que continuam puxando minhas orelhas para que busque melhorar sempre.

sexta-feira, abril 8

Um jornalista é sempre um jornalista?

PROFISSÃO
Um jornalista é sempre um jornalista?
Por Washington Araújo em 8/4/2011

A resposta comporta ao menos três variáveis. Uma afirmação, uma dúvida e uma negação. Algo tão monossilábico quanto "sim", "depende" e "não". Comecemos analisando do fim para o início. 

Se a resposta for não é porque você não é jornalista, está jornalista. Estamos diante da velha noção de dualidade que o verbo ser nos apresenta, de forma tão escancarada, em português. É a pessoa que tem no jornalismo apenas a profissão. 
Mas dispensa a pretensão de ter a vocação e menos ainda de se sentir dono do talento para seu exercício. É o que escreve seu texto com a mesma criatividade com que lava o rosto e escova os dentes diariamente. É presa fácil para usar a profissão com muitos outros fins que não o de informar a realidade, os fatos que ocorrem e dar a interpretação destes com a paleta que carrega consigo e de onde extrai as cores que simbolizam a ideologia, a moral, a filosofia, a crença. 

Sente-se jornalista quando entra na redação onde trabalha, quando se conecta com seu editor via iPad ou note/netbook, quando, qual um peixe, movimenta-se em seu aquário particular. Esta resposta é escorregadia pelo volume de equívocos que transporta. A pessoa pode agir como jornalista sempre em conformidade com suas conveniências e interesses, cada vez mais pessoais. E pode deixar de agir como jornalista exatamente pelos mesmos motivos: sonegando informação do público em troca do vil metal ou como gesto de gratidão por recompensa previamente recebida. Os que se enquadram nesta resposta não merecem confiança. E muito menos se chamarem jornalistas.

Simulacros
Sendo a resposta "Depende" estamos diante de um cenário furta-cor, lusco-fusco, aqueles que nem são noite nem são dia. São seres acostumados à penumbra da madrugada. E mesmo tendo a aparência de jornalista, falarem como jornalista, escreverem como jornalistas, contudo não podem ser confundidos com jornalistas. Podem até ter aquele jeitão de jornalista, caçador implacável de uma quimérica objetividade; ainda assim, são meros simulacros de jornalistas.

Estes têm predileção pelo off, pelo sigilo, pelo secreto. E são peritos no toma-lá-dá-cá. Sabem zelar, com especial apuro, quartos com esqueletos de histórias de suas fontes e também suas próprias histórias, estas que nunca foram devidamente esclarecidas: plantaram notas, foram descobertos, caíram em desgraça por um par de dias ou semanas e, num passe de mágica, retiraram a nódoa de suas biografias ressurgindo sempre como talentosos profissionais da imprensa em um telejornal, em redação de uma outra revista, na editoria de qualquer outro jornal. 

Não titubeiam em entregar série de reportagens bombásticas, escritas com a tinta do escândalo criado para atravessar semanas e meses em troca de um reles emprego para o filho, a mulher, a irmã ou para o sobrinho talentoso do irmão mais velho. O emprego tanto pode ser no serviço público, em qualquer dos Poderes da República, quanto na iniciativa privada, em especial no ramo das empreiteiras e do sempre hipervalorizado mercado da telefonia. O trágico é que para quem dispõe apenas de um martelo tudo que aparece à sua volta tem o formato de prego.

Olhos interrogativos
Sendo a resposta "Sim" inferimos que a profissão não nos abandona ao longo de todo o dia e ficará conosco por todo o resto de nossa vida. É que um jornalista pode ver a realidade que o cerca (e muitas vezes o envolve) apenas com o que chamamos de "olhar jornalístico", aquele par de olhos interrogativos, sempre disposto a colocar em alto relevo as famosas questões centrais para a redação de uma notícia (onde, quando, quem, como, por que etc). 

Um jornalista que é jornalista em tempo integral consegue sempre enxergar naquela direção que seus olhos apontam um princípio de reportagem, uma peça a mais na matéria investigativa que está lapidando, um comentário pertinente, desses "caídos do céu", para dar brilho à coluna diária que tem de escrever. E também pode sentir ali, ao alcance da vista, a poucos metros de seu nariz, a semente de uma crônica ou, no mínimo, a idéia-base para algum artigo futuro. 

Este tipo de jornalista é reconhecido por seus textos. Estes dispensam adjetivos adulatórios e se põem de pé pela força das idéias que trazem, pela maestria dos argumentos lançados ao alcance dos leitores. E se recusam a concluir em nome do autor pelo simples fato de não terem recebido destes procuração para tal. A palavra empenhada por um jornalista a tempo completo, sete dias por semana, é tida como algo sagrado. Merecem fé sem precisar de chancela cartorial. 

Mas, como tudo na vida que envolve paixão – no caso, a paixão pelo jornalismo – são estes Don Quixotes que pagam o preço mais elevado da vida: seu tempo tem cotação mais alta que barril de petróleo tipo Brent... em tempos de crise no Oriente Médio. Por ousarem trocar a camisa trocada diariamente pela própria pele que lhes reveste, estes jornalistas – muitas vezes em total inconsciência, quando não em opção insana de viver – sacrificam sua relação familiar. Não espanta que sejam useiros e vezeiros na arte de construir famílias: algumas não passam dos alicerces, outras avançam pelas paredes e por ali ficam. 

Apenas quando entrados em anos, ultrapassando o limiar da terceira idade é que conseguem construir uma família com cara de família, com jeito de família, com sabor de família. Esta última, se fosse casa, brotaria do chão por completo, com sólidos alicerces, paredes confiáveis, teto acolhedor e dependências generosas para abrigar pensamentos e vontades, sentimentos e perdas – sim, as sempre inevitáveis perdas. 

É fato também que quando este jornalista escreve um texto seu intuito não é outro que mostrar o que encontrou e não o que esteve procurando. Simples assim. O jornalista em tempo integral percebe muito cedo que o prazer está em escrever e não em terminar o texto. Entende que o fim do texto – seja um artigo, seja um livro-reportagem – pode ser visto como mais uma de suas muitas mortes. 

E não me parece pretensioso afirmar que este jornalista bem poderia se sentir como o inglês Andrew Wiles (1954 - ) que consumiu oito anos de sua vida em total estudo para solucionar o Último Teorema de Fermat – finalmente publicado em 1995 – e que ficara 300 anos sem solução desde que havia sido proposto pelo francês Pierre de Fermat. A verdade é que Andrew Wiles chorou copiosamente quando demonstrou o teorema. O que se passava em sua mente? Ele pensava: "Nada do que eu fizer de novo na minha vida vai ser tão importante". Porque para Wiles o importante era o processo de descoberta e não o fim. O jornalista que exerce a profissão a cada respiração investe no processo de escrever porque é isto que lhe dá prazer, satisfação, realização.

Turma
Você que é jornalista pode muito bem pairar por cima de cada uma destas respostas. Mas não por muito tempo. Cedo ou tarde haverá de encontrar seu nicho, de encontrar sua turma, a turma do Não, a turma do Depende, a turma do Sim. E mesmo que deseje continuar pairando... não se preocupe: os leitores, ouvintes, telespectadores e internautas saberão – mais dia menos dia – em que turma você melhor se encaixa. Porque, no fundo mesmo, o que é duro é ser um ser humano. Você, como jornalista, pode até tirar um dia de folga, mas como ser humano, não existe tal possibilidade. Tem que ser humano em tempo integral. Do contrário terá que conviver com toda aquela profusão de coisas que morreram dentro de você enquanto você ainda estava vivo. No meio destas coisas encontram-se, amontoados ou de pernas pro ar, seus sonhos.
Volto, então, a lhe perguntar: Um jornalista é sempre um jornalista?


* Grifo meu - Ontem 07 de abril Dia do Jornalista, muitas congratulações aos profissionais... E você profissional já se perguntou se de fato és jornalista?

segunda-feira, abril 4

Relações perecíveis e coleção de pessoas

Os hábitos de um lugar nos levam a crer que se não pertencemos ao ambiente em questão, jamais nos adaptaremos a quaisquer que sejam os costumes.

Ouço muito falar: “Mas, aqui é assim mesmo”. E, para pior... Então, o tempo passa, sempre pontual, leva consigo muita coisa, deixa muita coisa marcada também.
Contudo, as voltas ao redor do nada, rumo a lugar algum, são justamente para falar do quanto são perecíveis as relações. Todas elas.

SONY DSCNuma noite comum, há quatro anos, mais ou menos, um professor de filosofia discorria esse assunto em sala de aula, não sei se por gostar da aula do cara nunca esqueci, ou porque de fato compreendi como são essas coisas...

Ele mencionou que de acordo com o crescimento/envelhecimento, as pessoas deixam de procurar por outras pessoas com as quais costumavam passar bons momentos. O que não significaria deixar de gostar, mas no fundo é porque os assuntos, interesses, visões de mundo, se modificaram e passou a ser desinteressante desfrutar da companhia de certas pessoas, ou pessoas erradas também, porque não?

Quanto ao meu posicionamento frente a isso é tentar encarar como algo natural, tenho isso consciente, todavia, me pego numa crise de rejeição... Eis, que cobro o porquê das pessoas não falarem a verdade?

Ninguém é obrigado a fazer nada que não queira. É chato sentar ao lado de alguém muito feliz porque acredite, felicidade incomoda, mesmo sendo das pessoas que amamos, quando algo não vai bem conosco. Algumas frases piegas como “Não é você, sou eu”, são perfeitamente adequadas às circunstâncias.

Quando mencionei acima os costumes e a velha justificativa de dizer que é assim mesmo, não cheguei a amarrar meu raciocínio. Mas, não sou daqui, nem de lugar nenhum, sou do mundo, faço meu mundo onde quer que eu vá. Levo comigo minhas escolhas, prefiro que alguém de quem gosto muito me diga: “Não quero ir, não estou para festa.” “Não me sinto bem”. “Não dá mesmo valeu” ou o bom e velho “Não” é suficiente... Isso jamais me deixará magoada, o que não aceito é ouvir: “Daqui à uma hora chego aí”. “Nem que eu chegue ao final... mas vou”.

Nããããããooooooooooo, se alguém se presta a mentir tão descaradamente por tão pouco, quer dizer que é capaz das maiores barbaridades do mundo. E fazer com que as esperem, por favor!

Quem não respeita os outros não pode esperar ser respeitado, não sei de onde as pessoas que fazem esse tipo de coisa, imaginam que todos estarão sempre à disposição.

Todas as relações são perecíveis, o problema é que algumas pessoas são covardes demais e usam de subterfúgios como a decepção, para não ter de dizer não, que não quer mais.

Essas mesmas pessoas costumam não ter sentimentos por ninguém. Suas relações são de interesse apenas. Tudo que fazem é milimetricamente calculado, frio, desejam somente autopromoção. Tem necessidade de saber o que o mundo pensa sobre elas. Para quê?

  Fim
Tudo finda, como essas relações  que nada tem a acrescentar, e se um dia fizeram a diferença não fazem mais, o que não justifica esperar condescendência por cada ato babaca que façam a seguir.

Particularmente não preciso de ninguém assim perto de mim, não coleciono pessoas, nem sentimentos. 

Sabe aquelas pessoas que se relacionam muito bem obrigado com o ser mais inescrupuloso do planeta, e ainda o chama de amigo, aliás amigo é qualquer um, conheceu há dois segundos já são íntimos. Gente assim quer alguma coisa… Nada é gratuito.

Acredito que amor e ódio são intensos demais, e até para odiar os seus inimigos é preciso respeitá-los. Não dá para desperdiçar energias com ninguém indigno de respeito. Também me acovardei durante muito tempo, três anos talvez. Porque não consegui encarar o fato de valorizar demais quem não me valoriza. 

Me disseram uma das vezes em que fui muito decepcionada, algo muito parecido com “não faço só isso da vida”…

Sei que essas pessoas um dia sofrerão muito, como já vi acontecer, e naquele momento de ver o poço debaixo, vão pedir clemência e se perguntar o por quê? Posso adiantar que fazer o mal para os outros é assinar a própria sentença, porque sempre haverá alguém no mundo muito pior que você. Que vai fazer testes, com os “ratinhos de laboratório” e quem sabe dominar o mundo.

domingo, abril 3

Família, amigos e momentos únicos

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  Sábado esperado o mês inteiro, para comemorar à moda gaúcha a outorga. E, como sabiamente disse meu amigo Aog Rocha, “este momento só quem dividiu contigo, foram teus amigos de verdade, quem gosta realmente de ti”. Sábio pirata poliglota. Era para ser almoço e foi servido na hora, mas estava tão bom que ficamos até anoitecer. \o/

As flores do mal

Legião Urbana

Composição : Renato Russo

Eu quis você
E me perdi
Você não viu
E eu não senti
Não acredito nem vou julgar
Você sorriu, ficou e quis me provocar
Quis dar uma volta em todo o mundo
Mas não é bem assim que as coisas são
Seu interesse é só traição

E mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais

Tua indecência não serve mais
Tão decadente e tanto faz
Quais são as regras? O que ficou?
O seu cinismo essa sedução
Volta pro esgoto baby
Vê se alguém lhe quer
O que ficou é esse modelito da estação passada
Extorsão e drogas demais
Todos já sabem o que você faz
Teu perfume barato, teus truques banais
Você acabou ficando pra trás

Porque mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Mentir é fácil demais
Volta pro esgoto baby
e vê se alguém lhe quer