Pela segunda vez nesta cidade e, agora com um tempo maior (lá se vão cinco anos). Aos 50 anos de idade, desses mais de 28 anos dedicados integralmente à nação por meio do Exército.
Com uma vivência nacional desde 1979, quando ingressei em suas fileiras, o máximo que permaneci no mesmo local foram 7 anos (passados no RS, PR, PA e AP), sempre procurei a prática da boa vizinhança. Ver; ouvir; apreciar ou mesmo refutar, porém com o extremo cuidado de não ferir sentimentos, muito menos o brio do lugar, afinal meu lema é: “ - Eu sou de onde estou.”
Acompanhei os “modismos”, tais como: acessível (aquecessível); desapercebido (querendo dizer sem ser notado); a nível de; por conta de; questão; projeto (esse então! Pasmem! Há projetos que já perduram por mais de 5 até 10 anos e, eu fico me perguntando, quando irão se transformar em obras, trabalhos, produtos ou serviços, será que sairão do papel?). A verdade é que temos uma indisposição para voltar ao dicionário e quanto mais temos a certeza de que já sabemos tudo é aí que cometemos os maiores pecados com a nossa língua, por ação ou por omissão.
Ah! Tem um grande porém, não posso esquecer o dialeto. - Muito bem. É aceitável, mas, desde que esse não deturpe a língua mater e não maternal. Como exemplo correto e aceitável de uso do dialeto são os nomes de bichos/aves para designar órgãos genitais; nomes de plantas/árvores/peixes, costumes advindos de quilombos e/ou aldeias indígenas.
Agora, expressões como: dor na “costa” (porção de terra ao longo do mar; litoral); “indentidade”; inzame” (seria exame), “cussti; divessti; invesstido; Avesstino” (seria curtir; divertir; invertido; Avertino Ramos, nome próprio); “dôs; más; macsi; micsi; sês; xerocsi, (dois; mais; max; mix; seis; xérox) tudo com o som de “xis” muito carregado. Assisti a apresentadora de um telejornal anunciar que “más notícias” às 19:30h, logo me veio a pergunta, que horário seriam as “boas”?
E é exatamente nesse ponto que o perigo se torna latente, como um pai; um professor ou mesmo um amigo poderá orientar uma criança que inicia sua alfabetização a se expressar ou a escrever corretamente, se a todo instante nos mais longínquos e humildes recantos e/ou locais de trabalho são invadidos por canais de TV e o que se vê e ouve são essas expressões. Lembre-se daquela jovem que foi eliminada do soletrando por ter trocado o “l” pelo “u”?
Quantas pronunciam “papeu” (papel) e nós nem sequer podemos corrigi-las. Outrora recebi uns escritos por correio eletrônico ou por meio de “chats” (bate-papo) com erros clássicos, tudo bem, atribuímos ao tempo, ao espaço físico ou ainda, à quantidade máxima de caracteres permitidos, a saber: “agente, afim, mau” (seria “mal”) e muitos impropérios à língua. Mas, o que me levou a escrever estas mal traçadas linhas foi indubitavelmente (que me perdoem meus amigos de “on-line”) uma obra escrita que acabei de ler. Consegui por empréstimo.
Normalmente quando lemos uma obra, citamos seu título, autor, ano, editora, enfim para que sirva de referência. Recomendamos como por exemplo Em nome da Rosa; Código da Vinci (best-sellers) entre tantos que acabaram em filmes mesmo que muito resumidos à obra, entretanto, a supra referida, deixou-me profundamente desapontado. Constitui-se de uma coletânea de crônicas escritas basicamente de jornalistas e/ou acadêmicos de jornalismo e que futuramente estarão no mercado de trabalho, fatalmente cometendo os mesmos erros. Sem contar que algumas sequer condizem com o título.
Tive a nítida impressão que as pessoas responsáveis pela revisão e da apresentação confiaram demasiadamente nos autores e o nivelamento ficara por baixo. Lamento que essas, deram seu aval, emprestaram suas respectivas chancelas, por algo, no mínimo displicente.
Erros crassos e descabidos para o nível e responsabilidade social ao público-alvo. Pois saibam todos que alguém, em algum lugar e em alguma hora qualquer irá sim, ler; ver; ouvir; assistir e analisar cada palavra sua pronunciada ou escrita e, principalmente essa última que perpetuar-se-á nos anais da história, daqui 10, 20, 30 anos o que você escreveu estará lá do mesmo jeito e, você perdeu a rara oportunidade de brilhar.
Desde “concerto” (seria consertar) à incerteza de emprego do pronome demonstrativo: esse, essa, este, esta. A conjugação de verbos e por aí vai. Mas, se até os jornalistas mais experientes ainda dizem: “- o jornal..está de volta amanhã...” (futuro do presente do Indicativo – 3ª pessoa), por que não dizer estará? Ou estaremos, voltaremos, retornaremos, nooosssaa o português é tão rico de sinônimos e de verbos.
*Grifo meu – Vale ressaltar que críticas são críticas, não existe a construtiva ou destrutiva, essas subcategorias são interpretações de pessoas com capacidade e amadurecimento intelectual para fazê-las o que não é comum de perceber, já que os interesses em autopromoção são sempre tão evidentes, quanto os erros grotescos. Ainda não li o livro, mas respeito as opiniões e admiro as pessoas que conseguem manter seus critérios de avaliação sem medo de melindrar A ou B.
E, acredito que a acidez vem para abrir os olhos das pessoas que tem interesse em crescer. Que não se contentam com um tapinha nas costas para tudo que fazem, sem avaliações contundentes. Aécio Cortezolli é crítico e meu pai, hoje sou quem sou graças à muitas das verdades que ouvi dele e de minha mãe, e garanto que continuam puxando minhas orelhas para que busque melhorar sempre.
Este é o Corsário! (Ai, meu Deus, ou seria "esse"?! Agora deu meda de escrivinhá!) kkkkkk
ResponderExcluirTexto excelente! Crítica em alto nível! Só podia ser pai da Piratinha mesmo!
Eu vou falar bem pouquinho, pra não dar bandeira. ;)
ResponderExcluir> GOSTEI! kkk