"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

segunda-feira, agosto 20

Rally e upgrade

O avançado das horas nem se apresentava quando o celular tocou. Uma chamada para sair do marasmo, da solidão e de tudo que se repetia. Hesitei, aceitei e saí, ouvi histórias, gargalhei, não bebi, sorri mais do que esperava, não havia feito planos, eles me refizeram.

Passava da uma da manhã e o dia seguinte me esperaria logo cedo. Tudo pronto, sem expectativas. E, o dia sorriu pra mim... 

Me diverti muito com registros infantis, não, não se trata de uma autoavaliação humilde sobre o trabalho fotográfico, meus modelos de fato eram crianças lindas e orgulhosas em seus trajes típicos.

O fim de semana estava ganho, haviam muitos sorrisos. Entretanto, o dia ainda não havia findado... 

Click da amiga Celenir Pereira 
Fazia bem mais de um ano que não guiava um carro, então constatei que o dito popular não estava errado... É realmente como andar de bicicleta. Ninguém lembrou que mais cedo havia chovido, logo, na estrada de terra, a lama era quem comandava.

Quando dei por mim, era um rally, vestígios de barro por todos os lados e o pensamento rápido foi instintivo. Ufa! Estamos a salvo.

Direto para a casa recarregar os nervos... As pernas trêmulas foram sentidas depois de devorar um cachorro quente, apenas as mãos não estavam mais tão firmes, foram apenas saborosos sustos.

Realmente não comprei a carteira, mas a copiloto ajudou e muito. ^^

Mais registros, mais fotografias arrematados com pizza e bons papos para encerrar a noite e aquela rara sensação de ter vivido um domingo de agosto único. 

Viva o upgrade!

A amiga e co-piloto no rally Celenir Pereira. 

sábado, agosto 18

As razões e emoções de minhas viagens

Porque viajar não se resume ao ato de partir de um ponto a outro, é mais que o percurso efetuado. É travessia, navegação e hipertexto. São os acontecimentos ocorridos durante o trajeto e as impressões causados por ela, é a relação provocada por alucinógeno ou o confronto de ideias.

É o vôo e o pouso, são também as coordenadas da localização, é altitude e longitude e o silêncio entre elas.

São os trilhos do trem, os buracos da estrada, ou o giro da roda... Viagem é imaginar.

Sempre gostei de viagens, conhecer lugares novos. A vida me fez assim, não havia tempo o suficiente para enjoar. Quando pensava em acostumar com os lugares era hora de fazer as malas. Viajar a passeio, ou viajar até chegar à nova residência.

Isso fez com que aprendesse a viajar sem tirar os pés do chão, na hora do recreio, depois no intervalo de dez minutos na faculdade, depois na pausa para o café durante o expediente de trabalho. Red Bull não, aumenta consideravelmente meus batimentos cardíacos e apesar do ar romântico da expressão, a sensação é bem ruim.

Então, viajava nos pensamentos e em busca de uma nova história, mesmo que fosse para alimentar minha alma insaciável. Como o tempo e a necessidade andam juntos, resolvi que viveria de viagens, pois é preciso certa bagagem para criar, organizar e contar histórias, viver personagens fictícios ou baseados em fatos irreais (se é fato é real, propositalmente discordei da regra).

Meu velho costuma dizer que viajo sem precisar usar nenhum artifício senão a imaginação. Mesmo quando bate a liga torta com duas doses de absinto ou mais (desde a última já faz muito tempo), agora a onda é o vinho e, essas taças não determino.

Mas, sobre viagens de fato, me causam ansiedade, e sofro com isso. Não é só o novo... O que provoca o pânico são os contratempos. A experiência fez com que só pensasse neles, esqueço de relaxar e gozar. Viagem de carro, ônibus, avião, fazem com que meu estômago se comprima e isso causa uma dor tremenda. Então viajo durante a viagem, se a paisagem ajuda imagino mais e vou bem além, isso diminui o tempo de espera.

Contudo, quando não sou eu quem vai viajar, a viagem é demasiadamente sofrível, talvez por imaginar o trajeto, meu velho atrai chuva, sempre chove em sua partida ou chegada. Minha mãe leva um pouco de calor, sempre chega suada.

Ainda lembro a última vez que viagei, fui ao exterior, ali, logo ali, atravessando a rua, daquela cidade há três horas de distância de onde me escondo atualmente. Desenvolvi um verdadeiro horror por este lugar.

Na mochila levava ansiedade em doses cavalares, na chegada havia um pouco mais que uma porção de novidades.

Não encontrei meu lugar preferido, há muitos que preciso conhecer. 

Hoje no entanto, me sinto mais só do que de costume, porque não pude viajar para entender que minhas viagens locais diminuíram, meu pouso não está mais seguro e não achei um lugar no mapa que estimule a vontade de continuar a viajar.