Não se trata de uma palavra parônima ou uma brincadeira
proposital regada de ironia para falar de artes cênicas, é cínica mesmo. Há por
aí aos montes e talvez você também conheça, alguém de sua convivência com tais
dotes, um artista cínico.
Mas, a origem do cínico vai além de sua semântica, que
despreza as conveniências sociais, muito pelo contrário, este ser específico,
reconhece as oportunidades em explorar os potenciais alheios de modo a servi-lo,
e não se furta de enredar tantos quantos forem necessários para que convenham
aos fins em que ele for o beneficiário direto. Tão pouco economiza energia caso
tenha de enveredar por outros caminhos não tão dignos.
Artífice, porque leva-se um tempo até identificar seu caráter
obsceno, outro tempo mais para ver que pessoa dissoluta chega a ser, desde que
a finalidade seja sempre o próprio sucesso, obviamente.
É uma trama tão bem feita, que os otários passam pelo
chamado “tempo da piada” e riem exageradamente, sem notar sua patética
participação no enredo, até que no fim do ato, todas as máscaras caem, e lá
está você rindo de si mesmo, por não ter valor algum, por não ter entendido que
o gracejo é ninguém além de você e, no fim das contas, pagar para ser motivo de
riso.