"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

terça-feira, novembro 13

Inabitada


Eu queria não criar expectativas, nem fazer planos para as próximas 24 horas.
Queria não mais sonhar, mesmo que os sonhos fossem possivelmente bons.
Eu queria ter ideias geniais o tempo todo e, não me deixar levar pelo ostracismo criativo todo o tempo.
Queria não perder a concentração com imagens coloridas, nem convergir sentimentos em preto e branco. 
Eu queria não querer tanto...

sábado, outubro 27

No pretérito imperfeito do indicativo


Eu gostava de quando você completava minhas frases, não era adivinhação, era apenas seus pensamentos em sintonia comigo.

Gostava quando chovia e você dizia que era o melhor momento de ficarmos juntos, como as gotas que tocam o solo.

Eu gostava de quando me telefonava minutos depois de nos despedirmos, para dizer que meu gosto ainda estava em teus lábios.

Gostava de quando você cobrava o que eu não havia prometido.
Eu gostava da sua sensibilidade e do jeito como assistia ao mundo.

Gostava de adormecer em teus braços e despertar ao som de "Bandolins".
Eu gostava de te ver trabalhando, da tua entrega e ver o brilho em teus olhos, que um dia desapareceu.

Gostava de te ver no banho e da tua insistência para quase tudo.
Eu gostava do sexo à noite e de fazer amor pela manhã.

Gostava das nossas discussões acaloradas e de como consertávamos as coisas.
Eu gostava do respeito e admiração de antes e não da aversão de agora.

Gostava muito mais de como era.
Eu gostava de amar você.

segunda-feira, outubro 22

Disciplina ignorada


Há tudo aquilo que não precisa ser dito. Outras coisas precisam ser esquecidas, enterradas.
Nesse caso, omitir não é pecado ou ato falho.
Pensávamos que o amor fosse química ou biologia; É apenas matemática.

quinta-feira, outubro 18

Diálogo improvável


Ele - Volta pra mim? Quem nunca errou? Eu pensei que seria o certo naquele momento, mas mudei de ideia.

Ela - Nunca tive nada teu, mas foi você quem me perdeu. Me jogou fora, descartou. Sinto muito, mas não sou de plástico. Eu quebro.

segunda-feira, agosto 20

Rally e upgrade

O avançado das horas nem se apresentava quando o celular tocou. Uma chamada para sair do marasmo, da solidão e de tudo que se repetia. Hesitei, aceitei e saí, ouvi histórias, gargalhei, não bebi, sorri mais do que esperava, não havia feito planos, eles me refizeram.

Passava da uma da manhã e o dia seguinte me esperaria logo cedo. Tudo pronto, sem expectativas. E, o dia sorriu pra mim... 

Me diverti muito com registros infantis, não, não se trata de uma autoavaliação humilde sobre o trabalho fotográfico, meus modelos de fato eram crianças lindas e orgulhosas em seus trajes típicos.

O fim de semana estava ganho, haviam muitos sorrisos. Entretanto, o dia ainda não havia findado... 

Click da amiga Celenir Pereira 
Fazia bem mais de um ano que não guiava um carro, então constatei que o dito popular não estava errado... É realmente como andar de bicicleta. Ninguém lembrou que mais cedo havia chovido, logo, na estrada de terra, a lama era quem comandava.

Quando dei por mim, era um rally, vestígios de barro por todos os lados e o pensamento rápido foi instintivo. Ufa! Estamos a salvo.

Direto para a casa recarregar os nervos... As pernas trêmulas foram sentidas depois de devorar um cachorro quente, apenas as mãos não estavam mais tão firmes, foram apenas saborosos sustos.

Realmente não comprei a carteira, mas a copiloto ajudou e muito. ^^

Mais registros, mais fotografias arrematados com pizza e bons papos para encerrar a noite e aquela rara sensação de ter vivido um domingo de agosto único. 

Viva o upgrade!

A amiga e co-piloto no rally Celenir Pereira. 

sábado, agosto 18

As razões e emoções de minhas viagens

Porque viajar não se resume ao ato de partir de um ponto a outro, é mais que o percurso efetuado. É travessia, navegação e hipertexto. São os acontecimentos ocorridos durante o trajeto e as impressões causados por ela, é a relação provocada por alucinógeno ou o confronto de ideias.

É o vôo e o pouso, são também as coordenadas da localização, é altitude e longitude e o silêncio entre elas.

São os trilhos do trem, os buracos da estrada, ou o giro da roda... Viagem é imaginar.

Sempre gostei de viagens, conhecer lugares novos. A vida me fez assim, não havia tempo o suficiente para enjoar. Quando pensava em acostumar com os lugares era hora de fazer as malas. Viajar a passeio, ou viajar até chegar à nova residência.

Isso fez com que aprendesse a viajar sem tirar os pés do chão, na hora do recreio, depois no intervalo de dez minutos na faculdade, depois na pausa para o café durante o expediente de trabalho. Red Bull não, aumenta consideravelmente meus batimentos cardíacos e apesar do ar romântico da expressão, a sensação é bem ruim.

Então, viajava nos pensamentos e em busca de uma nova história, mesmo que fosse para alimentar minha alma insaciável. Como o tempo e a necessidade andam juntos, resolvi que viveria de viagens, pois é preciso certa bagagem para criar, organizar e contar histórias, viver personagens fictícios ou baseados em fatos irreais (se é fato é real, propositalmente discordei da regra).

Meu velho costuma dizer que viajo sem precisar usar nenhum artifício senão a imaginação. Mesmo quando bate a liga torta com duas doses de absinto ou mais (desde a última já faz muito tempo), agora a onda é o vinho e, essas taças não determino.

Mas, sobre viagens de fato, me causam ansiedade, e sofro com isso. Não é só o novo... O que provoca o pânico são os contratempos. A experiência fez com que só pensasse neles, esqueço de relaxar e gozar. Viagem de carro, ônibus, avião, fazem com que meu estômago se comprima e isso causa uma dor tremenda. Então viajo durante a viagem, se a paisagem ajuda imagino mais e vou bem além, isso diminui o tempo de espera.

Contudo, quando não sou eu quem vai viajar, a viagem é demasiadamente sofrível, talvez por imaginar o trajeto, meu velho atrai chuva, sempre chove em sua partida ou chegada. Minha mãe leva um pouco de calor, sempre chega suada.

Ainda lembro a última vez que viagei, fui ao exterior, ali, logo ali, atravessando a rua, daquela cidade há três horas de distância de onde me escondo atualmente. Desenvolvi um verdadeiro horror por este lugar.

Na mochila levava ansiedade em doses cavalares, na chegada havia um pouco mais que uma porção de novidades.

Não encontrei meu lugar preferido, há muitos que preciso conhecer. 

Hoje no entanto, me sinto mais só do que de costume, porque não pude viajar para entender que minhas viagens locais diminuíram, meu pouso não está mais seguro e não achei um lugar no mapa que estimule a vontade de continuar a viajar.

sábado, julho 21

O estorvo do relicário

No fundo eu sabia o que me abespinhava, mas sempre fugia do assunto. Como se evitar fosse mudar o incômodo... O tempo passou, os dias e noites se alternavam e continuava eu em evasão constante. 
Resolvi que estava na hora de admitir meus fantasmas, monstros, inimigos íntimos e tudo mais que impedia de seguir em frente. Alguns venci, outros me venceram.


O processo tomou novas proporções e não tinha mais força para escrever sobre nada. Entendi que havia mudado algo em mim, coisa grande mesmo. Lá estava eu, vazia. Sem ter o que criticar, sem nadar, nem morrer na praia, não havia brisa, vento, tornado, absolutamente calmaria. Demais a meu ver. E, minha acidez? Adocicou?

Interpretei os sinais da melhor maneira que pude, mas se o pior cego é aquele que não quer ver, o que resta ao estúpido? 

Meu silêncio fingia respeitar as diferenças, sobretudo de pensamento, comportamento, contudo, cheguei a me imaginar inserida de volta à caverna depois de ter ido lá fora, e foi tão óbvia minha morte. Patética, acrescentaria.

Sim, morri assassinada pela ignorância, conformismo e neutralidade irreais. Suicídio social. 

Viver com tanta tecnologia e velocidade de informação e as pessoas em alguns lugares simplesmente pararam no tempo. Uma semana é o prazo máximo para observar de longe com certo romantismo que alguns mundos devem permanecer como estão. 

Em seguida acreditei que era apenas minha penitência, deveria vive-la e refletir calada. Repensei meus pecados, atos falhos e de novo se tivesse chance os cometeria todos como antes fiz. 

O meu caminho não sei, não sei se sigo em frente ou volto sem pensar no que irão pensar, porque não me alimento de pensamentos, senão os meus. Então pronto! Que dúvida?
Todavia, e quanto a mim? Como ficaria comigo? Reveria amores, amaria novamente, odiaria as dores, talvez pedisse revanche? Sem chance. 

Para que não fique sem sentido o princípio disso tudo, meu pior perigo foi sempre ter que voltar até aqui e perceber quantas fui e hoje não sou mais, essa casa, endereço, começo, meio e fim, me torturam. Trazem lembranças à tona, coisas e pessoas que prefiro esquecer, sufocar num lugar chamado canto escuro. 

Incrível como meu blog, que me ajudava a jogar meus pensamentos, protestos, aspirações, sentimentos  a esmo e de repente acertar algum lugar, ou alguém, hoje existe apenas como uma colcha de retalhos e me faz sentir novamente perfumes, rever lugares distantes, onde estive ou quis estar. 
Me resta apenas buscar forças no vazio da minha alma, na tentativa de reavivar meu espírito tão fraco e franzino, um último esforço, um último respirar. 

Quem sabe eu ache forças para finalmente, recomeçar?! Me debato.

quarta-feira, julho 4

Minhas desistências

Venho várias vezes aqui. 
Leio, escrevo, apago.
Leio de novo...


Em outros momentos só sinto saudades.
Então, choro e me despeço das muitas que fui, enquanto construía pensamentos, sentimentos e ideias.

Tudo muito intenso.
Muitas dessas vezes desisti.
Cheguei e parti.
E, hoje, parto novamente.

terça-feira, junho 19

Antes... o tempo, agora... eu

Hoje planejei dormir cedo, não sei bem o porquê... Talvez saiba.

Mas, já são quase duas da manhã. E, meu dia passou e não senti. Fiz coisas que não percebi, concluí tarefas que não vi começar.

Saboreei comidas sem reconhecer o tempero, meu tempero. Bebi líquidos sem sorver bem. Respirei um ar quente, depois frio, mais tarde mais frio ainda.

Fiz compras. 
Geladeira cheia e meu guarda-roupa... bagunçado, não sei o que vestir amanhã, nem depois.

O barulho ensurdecedor do relógio alerta para a ininterrupta cobrança de aproveitar o tempo. De longe meu ócio é criativo. É apenas desinteressante. 

Antes corria para não ver o tempo de costas, agora quem vira-lhe as costas sou eu. 

Penso em não planejar o dia de amanhã e tenho compromissos. Preciso de coragem. Gostaria de poder ousar e não reconheço os motivos que me impeçam de faze-lo...
Adeus, vou me deitar.

segunda-feira, junho 18

Do livro que não escrevi

Não discorro mais sobre o amor,
Nem do que não vivi.

Não falo mais de calor
Todos apenas me observam sorrir,
sorrisos sem sentido.
Sem sentir!

Não tenho mais rima, acervo ou consonância.
Nem a cólera que abrasava minha alma atormentada,

Abrandei, enfermei, desfaleci. 
Contive minha intolerância.

Não me arrependo do que fui e minto,
Registrei, armazenei, descartei e faço apenas isso.

Não há mais caos, nem anseio.
Sinto serenidade, porque não há mais coisa nenhuma.

Vivo pela metade, a metade que me cabe.

quarta-feira, junho 13

Amnésia seletiva

auto-retrato
Esquecimento às vezes é um movimento voluntário, um fazer proposital com que alguma coisa saia da lembrança.
Expulsar algo que não faz bem. Outras, no entanto, são consequências do descuido.
A perda parcial ou total de sensibilidade também resulta no esquecimento.
Mas, seria bom sofrer de amnésia se fosse viável escolher quais partes ou experiências abandonar.

terça-feira, junho 12

Antes tarde...

Falta pouco para acabar o dia dos namorados. 
Essa figura retirada do #Facebook é muito fofa e não tem nada de definitivo.
Bem como eu gosto de ver as coisas. Feliz todos os dias, não apenas hoje. ^^


domingo, junho 10

Festa ruim e o escárnio merecido

Em algumas festas deveríamos chegar alcoolizados. Sabe, sob o efeito da visão otimista? O álcool nos proporciona isso.

Todo mundo passa a ser lindo! Mas, na vida real normalmente o que se vê é uma coleção de gente feia, que não se contenta e compete pra ver quem veste o traje mais caricato. Falo isso porque saio em busca de algo que fuja do convencional.

Entretanto, apesar da minha acidez peculiar e da exigência gigante (que nunca é suprida), exerci um outro olhar, que peguei emprestado com uma das muitas de mim.


Tive inveja das piriguetes, isso mesmo que você leu: inveja, porque elas não sentem frio. Enquanto eu batia queixo, envolvida por meu casaco de pura lã comprado no Uruguai (soa besta, né?!), havia moças de sangue vulcânico.

O termômetro da praça central marcava 4ºC, mas a sensação térmica era de pelo menos 2ºC. E, as tais senhoritas circulavam pelos ambientes do baile nada climatizados e com áreas restritas para os não fumantes desrespeitadas (sim, somos minoria), em seus tubinhos drapeados com decotes tomara-que-caia e suas meias finas, que de finas só havia a textura...

Deixando de lado os fúteis padrões de moda dos quais somos escravos, os pescoços viravam numa sequência do tipo efeito dominó, quando elas perambulavam esbanjando confiança, com a pura pretensão de serem vistas. É claro que por inúmeros motivos, os comentários variavam, desde corpos com temperaturas elevadas pra suportar o clima nada ameno, a ausência de senso do ridículo...

Perdi meu pensamento na extensão desse último, que veio não sei de onde, mas pairou sobre a minha cabeça: Ridícula sou eu de ter a triste mania de cumprir promessas. O que fazia ali se não era do meu agrado?  Era o único lugar onde não deveria estar. Não me sentia confortável. Então, porque guerrilhar assim comigo?

"Palavra dada é palavra cumprida", essa frase soava como tentativa frustrada de responder meus questionamentos cruéis e como um consolo improvável.

Acredito ter perdido a paciência, que já era escassa. Nunca tive o hábito de sair, o trabalho era uma desculpa que caia bem. Cobrir pautas, eventos, resenhar festas, foco, foco, foco, isso sim me diverte.

Não curto ambiente assim pra conhecer gente, são tão superficiais. Sorrisos forçados, os copos cheios, esvaziados com pressa na esperança de embaçar a visão, de dar um molejo extra ao esqueleto desajeitado, de estimular a coragem... Sei lá.

Meu primo levou um par pra dançar comigo, um outro primo emprestado, com histórias de nossas poucas farras, porém épicas... Ele fez o sacrifício de dançar duas músicas comigo. De bom tamanho.
Mas, tinha muita mina pra azarar e não gosto de empatar a foda de ninguém.

As baforadas de cigarro no meu rosto me deram a impressão de que meus pulmões estão condenados. Estes não servem mais para a doação.

Não me balanço, não adianta. Se é pra dançar de par, não marco compasso com copo de cerveja choco na mão, nem chacoalho como se fizesse uma espécie de dança do acasalamento à espera da aproximação de um macho alfa.

Chata assim mesmo!

Assim, não percebi que estava quase decorativa no salão... De repente, ouvi dois rapazes "discretos" comentarem a meu respeito:

_Essa aí que tá na tua direita.

Quando vi que era comigo, fui de fininho pra trás das pessoas, para sumir propositalmente do campo de visão dos caras. Isso sim foi o truanesco. Não eram feios ou coisa parecida, apenas não estava a fim.

E, passinho pra cá, atrás de alguém mais alto, passinho pra lá atrás da turma animadinha. E os caras virando a cabeça. Quando finalmente não tive saída. Rá! Taxi?! Go home.

PS- Estava impossibilitada de beber. :(

quinta-feira, junho 7

Complicada, eu?

Depois de um dia agradável, de ter me divertido horrores...

Nossa! Não fazia isso há séculos.

Era só uma apostinha entre primas, quem não aguentasse ficar acordada até a hora de assistir ao seriado The Mentalist, deveria fazer brigadeiro.

Porém, imaginei que se minha prima (de 12 anos) não soubesse fazer o tal doce, perderíamos ambas. Não se pode prometer chocolate a uma chocólotra, é quase um crime!

Então, sugeri que caso eu adormecesse primeiro faria o doce, mas se ela não cedesse ao sono, deveria fazer pipocas. Não obstante, repensei a proposta e lembrei que não estaríamos no mesmo lugar no fim de semana seguinte, assim, a aposta seria esquecida. Antes de recomendar algo novo ela me interrompeu e enfatizou:

_Prima! Você é muito complicada, fica planejando tudo, e vive no futuro! Nem vamos apostar mais.

Virou para o lado e dormiu. E eu... Dormi com esse barulho.

_ Complicada, eu?

* Pois é, tenho ouvido tanto isso. Não é possível que todos estejam errados. :(

quarta-feira, maio 30

Em tempos de reality shows...

Há pouco tempo percebi que os momentos em que nos permitimos nossas melhores vivências acontecem por impulso. Quando planejamos as decepções são inevitáveis e falo disso com excelência.  Em tempos onde os reality shows viraram modinha, anônimos como eu também mudam de ares e novos mundos se encontram.

Não sei exatamente onde quero chegar, apenas consinto, mesmo que poucas vezes. Não é fácil abrir mão do controle no qual cremos ter sobre nossas decisões, apesar das teorias a respeito de destino não me convencerem.  E, o experimento é tão intenso que não percebo as horas, os dias ou minha vida passar. Uma breve pausa para o envelhecimento.


O clima havia apresentado uma melhora, um ar de chuva vez ou outra demonstrava vontade de compor o cenário, que mudava com o passar dos minutos, os 56 km distantes da cidade até a fazenda foram percorridos sem pressa e com muita cautela. 

Essa árvore praticamente fala.
A viagem serviria não só para fugir da mesmice da cidade, mas conheceria um pouco da infância de minha mãe. Confesso nunca ter tido interesse antes, imaginar ficar longe do conforto das tecnologias das quais sou refém e perto demais do ar puro, natureza, animais... Fazia com que me confrontasse com as inúmeras possibilidades de surgir uma alergia no dia seguinte.

Contudo, este é um mundo novo para mim. Quando a morte realmente chega bem perto de alguém deveras amado, algo muda no fundo da alma. O castelo de cartas construído em sonhos, já não tem a mesma importância, nem recebe a mesma ordem de prioridades. 

Os meus planos terão de esperar por mim... Ou talvez sejam modificados mais tarde. Tanto faz. 

Disputa para saber quem sai melhor no close.
Algumas porteiras... Os primeiros animais avistados foram as ovelhas e seus incontáveis caracóis espalhados pelo corpo, tão fofas. Tímidas não me permitiram sacar a máquina fotográfica, antes de fazê-lo, correram em outra direção. Quem sabe conseguirei mais tarde?

Conversas e mais conversas, agora faziam sentido.  Apesar de nunca ter estado antes no lugar, me senti em casa. Tinha muito das histórias contadas por minha mãe. 

As primeiras fotografias foram acanhadas, temerosa por estragar o equipamento com a terra soprada pelo vento em minha direção, demorei mais do que o habitual para congelar as imagens vistas por meus olhos curiosos, pelas quais optaram por arquivar.

Quando meus primos chamaram pelo cavalo branco, desconfiado, cauteloso – com 18 anos de idade um cavalo é considerado velho – tão curioso quanto eu, chegou mais perto de onde estávamos.

Toco é esperto e depois do passeio se escondeu de mim atrás do galpão.
O “Toco” como é chamado, fez a volta pelo colchão onde estávamos sentados e em seguida se afastou. Quando finalmente consegui carregar a arma de chumbinho, ele se aproximou. Foi plateia durante o tempo em que treinávamos a mira na única lata encontrada na fazenda, equilibrada na cerca responsável por contornar a casa, o galpão, a quinta e o lugar onde as ovelhas pernoitam. 

Me foi dada cinco chances de acertar o alvo, embora a torcida contra do meu tio, a missão foi completada com sucesso. Atribuo minha mira ou técnica que desconhecia totalmente deter, fundamentada na interrupção temporária da respiração, à semelhança com as técnicas fotográficas.  Praticamente a mesma antes de clicar a imagem escolhida.

O céu mudava de cor, ação praticamente hipnótica. Ao fim do primeiro dia fui buscar as ovelhas com meu primo, pedi ao Toco sua permissão para monta-lo. Acho que ter animais em casa e gostar de leituras, me instigou ainda mais a imaginar o que eles pensam, indo de encontro ao conceito de que os seres humanos são os únicos dotados de racionalidade. Me divirto mais assim.
No entardecer as cores se entrelaçam .
Corri, corri, corri e ri muito, aquele lance de que cavalgar produz a sensação de liberdade é tudo verdade.

A qualquer hora,
em qualquer lugar...
Foi assim, durante três dias, natureza, bichos, tiro ao alvo, comes e bebes e enquanto ouvia mais do que falava entendi que sempre quero tanto e nem um terço desse tempo todo sou feliz, e para ser feliz não é preciso muito. 

PS- Vi como uma vaca é carneada, comi churrasco no dia seguinte, não fiz fiasco (de vomitar e tals) e inevitavelmente apresentei alergia pelo corpo inteiro depois de consumir carne de caça, além de agravar minha lesão no joelho. Mesmo assim valeu a pena, perdi o medo de vacas e galinhas. 

sexta-feira, maio 25

Cemitério do Dragão

Duas conversas, duas pessoas diferentes. Emoção de formatos díspares, mas não menos intensos.


A primeira aconteceu dias antes. 
Meu pai havia chegado de viagem e contei-lhe sobre meu retorno aos escritos, enquanto abria as janelas do navegador para que ele pudesse lê-los nos blogs com os quais colaboro. Antes de terminar a frase, fui interrompida. 

Com tom crítico ele disse que não achava prudente assumir dois novos compromissos, quando não escrevo mais para o meu endereço na internet. Silenciei. O fitei e pensei duas vezes antes de responder. Minha garganta embargou, a voz quase não saiu. 

Respirei fundo e disse:
_Não podia voltar a escrever para reclamar da minha vida. Só falar mal não adianta... 

Ele discorreu suas críticas. Eu me defendi, justifiquei, até convence-lo (talvez) de que não poderia atulhar meu espaço com discursos repetidos, reclamações infundadas e disseminar meu mau humor. Não havia novidades. O cenário mudou, os personagens, mas não sentia mudança em mim.

A segunda conversa foi ontem, com meu grande amigo Eltão. Depois de me contar como foi seu dia, das recomendações que lhe fiz, das risadas, postei um texto, gerado em razão de outro texto, ainda pela metade. 

Ele leu, gostou e comentou:
_Égua, Hellen. Que texto bacana. Sofrido, mas muito bom!

Eu lhe disse do quanto sofro ao não conseguir escrever. 
Nos últimos tempos, anteriores à mudança, o sentimento de que havia emburrecido martelava muitas vezes, nos pensamentos na saída do trabalho, nos papos com os amigos, nas imagens que olhava sem ver, sem notar diferenças. 
Todas as vezes que lia meus textos antigos reconhecia neles a paixão que me faz falta hoje.  Me perdi.

Ele continuou:
_Todos têm momentos bons e ruins, mas você voltou com tudo, parece que foi recarregada no Cemitério dos Dragões.

Essa referência pra quem não lembra é do desenho Caverna do Dragão, e as armas dos heróis eram recarregadas no Cemitério dos Dragões, onde a mágica era mais poderosa.
Pode crer!

quinta-feira, maio 24

Ausência presente e onipresente

Enquanto minha capacidade cognitiva move peças que se encaixem perfeitamente, até que eu encontre a lógica...

Paro, paraliso, entorpeço, muitas vezes. Bebo, como. Vou para o banho. Meu pensamento continua lá, no teclado e mesmo a curta distância, visualizo a página em branco.

Imagino que as gotas de água quente, que caem com violência sobre o meu corpo me remetam a um lugar qualquer.

Recordo que não consigo escrever, nada tem a ver com o tema. O que me falta é paixão, sem referência a maneira abobalhada com que encaro a vida quando enamorada.

Falta-me paixão pelo novo, pelo que não entendo. Fascinação, coisa pouca. O incentivo a desvendar o desconhecido, desobscurecer. Aquele sentimento de ser tão mínima frente ao imensurável.

A água que lava meu corpo, leva pelo ralo as impurezas, os resíduos, o creme do rosto e as memórias das quais não quero lembrar.

Não é o lugar, as novas relações, ou a falta delas... Sou apenas eu, que perdi a mim, faz um bom tempo. E, não importa a imagem no espelho embaçado, aquela não sou eu.

Peripécias Felinas II

Ataque surpresa ainda é a melhor estratégia!

Nerdices obsessivas

Uma ideia e a necessidade de organiza-la, além disso, os e-mails precisam ser consultados a cada 2 segundos, verificar se há algo interessante, útil na lapidação desse novo conceito. E, não permitir que a caixa de entrada fique cheia.
Entretanto, não custa passear pelas redes sociais, cheias de assuntos divertidos, chatos ou constrangedores de onde  são extraídas coisas bacanas.

Se der errado é só disseminar o descontentamento no microblog e compartilhar a desgraça para os amigos trollarem ou se compadecerem.

Enquanto isso, no navegador...
As guias se espremem uma quer ser mais valiosa que a outra, repleta de links com mais conteúdo que seja possível absorver, tudo de uma vez, basta alguns cliques e o universo se expande. Nessas horas dá para ouvir até a música do Windows quando inicializado.

Que mal há em fazer tudo ao mesmo tempo, agora?
A atmosfera pede um som legal, porque música ajuda na criatividade. Só mais uns cliques para completar o download.

O barulho disso é viciante, mas quem disse que me vicio? Paro quando quiser.
Enquanto, aguardo o arquivo vou tomar um café e jogar no PC...


O computador travou, por que será?

quarta-feira, maio 23

Fitness para quem não curte

É muito fácil tachar as pessoas de vazias, apontar o dedo crítico e estabelecer distâncias confortáveis de quem julgamos não ter conteúdo, faço isso mais do que inspiro.

Sempre fui dessas de querer mais de todo mundo, dos lugares, das conversas, para ter a sensação de ter aprendido alguma coisa que me fizesse alguém melhor. 

Nada a meu ver está bom o suficiente. Um dos temores da minha vida, cuja lista interminável a mantém em destaque, é um dia vir a nivelar pela mediocridade. Se fizer isso manda cremar, morri!

Apesar dessa rudeza toda, nem sempre julgo um livro pela capa, episódio controverso à parte, conheci o irmão de uma amiga, não muito próxima... O tipo Hércules, corpo malhado, cabelo liso castanho claro até os ombros, rosto forte (não era bonito, mas não servia para ser feio), tinha um trapézio de dar inveja a muito viciado em anabolizante, obtido com anos de natação e jiu – jitsu... Ai, ai!

Mas, hahaha, sempre tem que ter um “mas”, aquela embalagem toda que chamava atenção, deixava a desejar nos “extras” (quem hoje se contenta com o dvd sem extras ou making off?). Depois de um tempo o via como as embalagens novas de shampoo, pagamos mais caro por elas a cada “relançamento”, mas o conteúdo não faz os milagres como os que propaganda promete.  

Com o tempo desenvolvi a técnica de ouvir somente o que me interessava, quando fiz comunicação social e, finalmente estudei a linguagem corporal foi o ápice para viajar em pensamento, enquanto aquela conversa sem solidez, acompanhada de uma voz irritante insistia em querer testar meus nervos, lá ia eu analisar se mentia, omitia, ou o observar como o restante do corpo reagia. Foi a melhor forma de estabelecer quem realmente detinha poder diante daquelas circunstâncias.

Porém, em lugares específicos não é possível fingir não ouvir nada. Hoje por exemplo, não deu para evitar as conversas de duas senhoras que discorriam animadas sobre culinária, trocaram receitas e manifestaram seus gostos apurados para pratos especialmente fortes.


Segundo as tais senhoras, delícias como lentilha com bacon, macarrão com salsichas e outras infinidades das quais não recordo... Ditas enquanto executavam  a sequência para seus respectivos abdomens. Na verdade não dá para falar enquanto malha, porque fazer exercício localizado dói, de onde tiram força para falar meu Deus? Deveria criar um aparelho específico para malhar a língua.

Não é a primeira vez que ouço esse tema na academia. Quando não falam da vida alheia, falam em comida. 

Esperar por trocas de conteúdos que acrescentem nossas mentes famintas por conhecimento, em todos os lugares é muita arrogância da minha parte, principalmente se o desejo coletivo for o de caber no jeans justíssimo ou aquele vestido que só dá para entrar a vácuo e não parecer uma linguiça mal enchida, já é algo (esse último é desejo meu). 

Pode parecer preconceito porque talvez de fato seja, mas buscar isso na academia é bobagem, lá tem uns carinhas que não são bonitos e não haverá nada no mundo que os transformem de uma forma decadente em Mun-Rá, então eles se olham, se amam e se acham. Bom para eles, porque todo mundo tem que ser feliz mesmo! 

Outros perfis muito comuns são as pessoas que não precisam estar lá e as que não vão adiantar nada. (Nesse momento seco o veneno no canto dos lábios).


Daí você me pergunta, se é tão ruim por que eu frequento? 

Tenho que admitir que apesar da minha preguiça física e impaciência mental, fazer exercícios tem feito bem à minha saúde, nesse caso os médicos e especialistas não mentiram. 

Respiro melhor, porque aqui é frio e a asma e outras “ites” resolveram dar o ar da graça e se encostar nesse corpinho. E, também porque estabeleci novas metas, não comento muito sobre isso, mas fui atleta dos 11 aos 23 anos, depois resolvi ser sedentária mesmo, agora colho os frutos. 

Contudo, quando a gente passa dos 30 anos é preciso tentar manter tudo no lugar até quando for possível e não curto tomar cápsulas com promessas de me deixar apresentável. Dizer que remédio segura é estupidez.

Outro dia duas "acadêmicas" frenéticas falavam uma para a outra: 

_ A mulher para ficar bonita tem que sofrer. Se não doer, não resolve!

Grifo meu: Saudades do shake da Herbalife! Rs rs.

Trilha sonora na madrugada


Transtorno Bipolar
Vila Vintém

Penso no que devo ser
Esperando horas pra te ver
Displicente ao chegar
Eu propenso a entender
Me transformo sem me perceber
Meu transtorno bipolar

E sempre atinjo aquém me quer zelar
Me contradigo e tento me lembrar
Te danifico em minha abstração
Me abandona em provação

Eu procuro
Vão tentando me explicar
Num certame vens denunciar
Meu transtorno bipolar
Vou tentando aliviar
Mas eu permaneço a oscilar
Meu transtorno bipolar

Vou lhe falar e dou por min já fiz
Já decorei tudo que você diz
Mas ajo assim sempre tão maquinal
Me arrependo e faço igual

Vou tentando aliviar
Mas eu permaneço a oscilar
Meu transtorno bipolar


----
Twitter: @vilavintém

Peripécias Felinas


Para inaugurar a nova seção que traz tirinhas autorais, a gata mais badalada do momento, com vocês:
A minha Bebê! Rs rs

Velharia e novos vícios

Tem carro velho que só pega no empurrão, imagino que todas as fórmulas matemáticas e as leis da Física utilizadas para explicar o funcionamento das engrenagens, parem um instante para ver a força bruta em pleno funcionamento. Esse conceito é totalmente sem fundamento, já que a força também é esclarecida pelos princípios da disciplina acima citada. 

Bom, o lance é que minha criatividade se assemelha com esse carro velho do exemplo esquisito... E também pega no tranco. Não que seja algo brilhante, só que depois de dar a partida não é recomendável ficar parando, tão pouco pisar no freio sem mais, nem menos. Se não para de vez.

Precisava acordar cedo e fechar os olhos no escuro ajuda a fazer com que o sono se aproxime. O processo às vezes é rápido, outras não. 

Combinado com a ausência de iluminação gosto de ouvir música, seleciono a que melhor corresponder com meu estado de espírito naquele momento, me concentro na letra e melodia e deixo meu cérebro e convenções psicológicas contarem suas próprias histórias.  

Pela manhã, geralmente me recordo dos sonhos que tive durante a noite. Me sinto muito incomodada quando não lembro  dos sonhos, porque durante o dia, frases, gostos, gestos e movimentos estimulam flashes do que também não entendo, mas sei que foi dormindo.

Esse procedimento é quase o mesmo todas as noites, salvo aquela na qual tive a criatividade despertada do nada. Escrevi alguns textos e quando me pareceu tudo muito chato, igual e sem emoção, resolvi descansar.

Mas, meu cérebro pedia bis, ficou entrando e saindo sozinho de escritos e citações de impacto o tempo todo, já tinha desligado o equipamento e meu celular com a bateria descarregada não podia nem me ajudar a anotar tópicos mais interessantes (ainda faço isso, nem sempre funciona, mas ajuda).

Pensei em frases bacanas e perdi todas em seguida, tudo bem, podia ter me levantado e pego um bloco e uma caneta, contudo, há tempos não faço isso... Não sei mais como é minha letra.

segunda-feira, maio 21

De vítima a algoz


Se tornar alguém que você mais odeia não é algo que você idealiza, simplesmente acontece.
Alguns sentimentos que não são propriamente assimilados fazem com que seu comportamento seja exatamente como aquele que o ofendeu, magoou e fez um rombo enorme na sua compreensão de certo e errado. “O homem é produto do meio” - Parece mais uma explicação plausível num contexto muito abrangente. Fácil de admitir se tentar simplificar tudo.

Divago muitas vezes em meus textos, mas o alicerce é sempre de coisas que percebi e analisei, raramente falo de sentimentos totalmente meus. Este é quase uma confissão.
Quase, porque creio que a partir do momento que tenha que ocultar tantos fatores importantes se torne uma história onde possa observar outros pontos de vistas que divirjam do meu...

Enfim, atualmente acredito que as histórias dos relacionamentos têm o tal começo, meio e fim. As finalizações não necessariamente precisam ser rompimentos desastrosos, cheios de mágoas, com todos os sinônimos ofensivos que conseguir lembrar e o que não for possível recordar que existam, sejam criados na hora. Mas, não pensei sempre assim...

Houve um tempo em que pensei ter acumulado fracassos ou passatempos para algo maior, que julgava não haver soluções. O tempo passou e me provou o contrário, sempre existe a tal solução, apenas não é como gostaríamos.

Tive uma história, escrita a quatro mãos, não a desenvolvi sozinha, era noite e chovia. E, foi assim muitas noites depois. Ponte e vírgula nos separavam e depois houve um abandono, ninguém mais quis escrever daquele jeito e as páginas ficaram amareladas pelo abandono...

Não sei ao certo quando foram retomadas, mas isso aconteceu e novamente páginas jogadas ao vento, para não lembrar que um dia a história teve começo e este seria o fim, sem fim.  Apenas lágrimas de ódio, por ter faltado mais respeito e sobrado muito amor... Quem sabe?

Um dia pensei ter amado alguém, era um homem cheio de qualidades e desajustes, o que as pessoas chamam de defeitos, eu não era cega por ele, via os tais desajustes e eles me eram bem incômodos, o suficiente para abrir mão do que julgava ser amor.

Entretanto, não poderia muda-lo como fiz com os outros com os quais tive alguma história, se não deixaria de ama-lo. Melhor que permanecesse platônico, mas a coisa saiu do controle. E deter o controle era zona de conforto da qual já havia experimentado e não me era mais atraente. Me joguei do tal precipício... Na época imaginei que havia sido em vão. Mais um erro para minha coleção.
Tudo então mudou, principalmente a maneira com que via o mundo, os meus mundos e as personalidades esquizofrênicas que poderia assumir, agora haviam se resumido.

Decidi que não haveria de assumir relacionamentos e principalmente,  meus sentimentos por mais ninguém, jamais diria novamente:

_ Eu quero você para mim! – Ou coisa semelhante.
A onda agora seria curtição. E, foi o que me propus a fazer. Na primeira saída, a má vontade, umas biritas e do nada um anseio enorme de beijar na boca... Louca, louca, louca. Olha quem pareceu estar viva novamente?!

No dia seguinte...
- Que saco esse lance de dia seguinte! Não precisa ligar, ou pior ir até mim, não serei a mesma da noite anterior, não quero lembrar, foi coisa de momento e já passou.
Mas, não as pessoas tendem a se envolver e já me vacinaram sem que eu pedisse.  O resultado foi magoar quem não me devia nada.

Se disserem meu nome para ele hoje, talvez faça uma expressão facial muito parecida com a que fiz até uns meses atrás quando ouvia outro nome, o nome dele, daquele que supunha ter amado.

Hoje não me importo mais. Curei minhas feridas. Me perdoei e acho que ainda não amei, porque amor não dói. O que dói é estar vivo e a gente se acostuma.

Agora sim, minha história teve fim. Um final feliz porque sei o que fiz, o que me foi feito e de tudo que tirei proveito.
Me venci!

domingo, maio 20

Muito prazer, Léo!


Eu queria ter um ou mais adjetivos para definir o quão incrível achei o Léo. Mas, acredito que pessoas como ele não são definidas por meia dúzia de palavras bonitas. Seu comportamento e histórico mostram a sua grandiosidade.

Até ontem, não sabia da existência dele. Desconhecia que seu pai, meu primo em 2º grau, tivesse casado e gerado essa criança. Com cara de poucos amigos, jeitão sério, quieto, tranquilo e com voz mansa, o Léo é o tipo de criança que é praticamente impossível não gostar.

Quando fui falar com o pai dele, pedi pra pega-lo no colo. De imediato ele veio comigo, me abraçou, acomodou sua cabeça em meu ombro e lá ficou. Pensei que tivesse dormindo, mas não estava.

Depois sentamos e começamos a conversar. Descobri seu nome e idade e, a partir de então, demos início às brincadeiras. Enquanto estava lá, ele ficou junto comigo e nesse período todo, desenhou no meu celular (mostro os desenhos depois). Quando ele queria um desenho específico, com o dedo indicador direcionava e pedia pra que eu desenhasse junto com ele. E, assim passamos a noite.


Além disso tudo, o que torna o Léo especial é a sua força de viver. O garoto tem leucemia e constantemente tem de viajar para se tratar.
Acredito muito em Deus e torço pra que em breve esteja curado.
Por Ewerton França
---  

Grifo meu - O Ewerton França é um grande amigo, confidente, também jornalista e fotógrafo (posso dizer isso dele porque já ganhou prêmios e tudo), trabalhamos juntos e a parceria foi além do dia a dia... Conversamos com muita frequência e a qualquer hora, porque usamos o aplicativo para celular whatsapp. Queria que o Eltão também usasse, mas nunca me deu retorno. ^^ 
Ontem, por volta das 22h ele me disse que havia ido para uma festa de aniversário. Estava muito resfriada e com febre tomei um medicamento e apaguei, não pude acompanhá-lo noite a dentro. 
Esta manhã ele mandou o resumo do que viveu e pedi que me autorizasse a postar... *-* 

quinta-feira, maio 17

Firme nas "Peggadas" "De Rocha"!

Depois de um retorno tímido aos escritos, decidi transcrever meus pensamentos, isso era algo que não podia mais ser evitado. E as técnicas de anotar os tópicos dos eventos relevantes do dia, já não surtia o mesmo efeito.

Tudo que antes era desenvolvido no impulso dos acontecimentos, quando lido no dia seguinte não me era agradável, sempre poderia ter sido melhor... E assim as histórias caducavam.

Não sei ao certo o motivo do afastamento, apenas me sentia vazia e desorganizada para compartilhar meu olhar com a mesma frequência anterior.

Posso dizer que cansei de ser meu eu alternativo comportado, rsrs. Ser boazinha cansa.
Não dizer quando não gostou de um comentário infeliz, dito por alguém mais infeliz ainda, causa dores estomacais e sem dúvida a dieta de sapos não faz bem ao meu organismo e, portanto, não recomendo.

Assumi dois compromissos neste mês, escrever semanalmente para o blog independente que incentiva a adoção de animais, o Peggadas e finalmente aceitar aos convites do meu amigo Elton Tavares e escrever para o De Rocha.  

O fato é que todas as vezes que ele me convidou para incorporar o time do De Rocha, não acreditava que daria conta, e não corresponder as suas expectativas era algo que me incomodava e muito, essa sensação amedrontadora perdurou por muito tempo.  Mas, como diria meu amigo Sílvio Neto blogueiro e autor do A vida é foda: "é preciso se jogar do precipício". Me joguei! 

Falar sobre assuntos relevantes todos os dias se fosse fácil escreveria mais vezes no meu blog, mas resolvi topar. Um gás extra no exercício da minha função, missão ou paixão, quem sabe tudo isso junto?!

Agora preciso estabelecer o horário onde minha criatividade dá o ar da graça com mais frequência e qualidade é fundamental.  As madrugadas sempre foram as minhas preferidas, mas comprometem meu rendimento ao longo do dia.

Talvez o mês do trabalho tenha me inspirado! 
Convido você a vir comigo por essas ondas, deixe se levar e navegue ou podemos atravessar a nado!

domingo, maio 6

A trama complexa da traição


Ninguém deseja ser traído em razão do sentimento universal de posse.  Imaginar o ser supostamente amado com outro alguém é como sentir que deixou de ser importante. E, no fundo todos querem ter a tão sonhada importância para alguém, como para si mesmo.

A hipótese de amor se adequa porque não se sabe ao certo a definição para tal sentimento. Amor se tornou sinônimo de anulação, submissão e renúncia ou coisas sofríveis e de uso prolongado.

Hipoteticamente o amor poderia se parecer com o DNA, apesar das teorias que se espalham e ganham rios de dinheiro para os que acreditam poder defini-lo e/ou identifica-lo, cada um imagina para si como melhor lhe convém, assim como a dor não pode ser medida, pois cada um tem seus próprios limites para suportá-la.

Esse raciocínio não é uma apologia à promiscuidade.
Por hora são estabelecidas regras de conduta, dentro da moralidade e do que a sociedade delineou por ser o certo.  Uma prática obviamente falida, assim como o casamento o é.
Ninguém pode se sentir sujo se não souber que foi enganado. Deste modo, a tal sujeira é psicológica.  Contudo, pensar em outra pessoa enquanto tem ao seu lado alguém com que divide sua rotina, não deixa de ser traição. Este talvez seja o mais doloroso sintoma e facilmente identificável, comumente ignorado. Como fechar os olhos e fingir desaparecer.

Os pensamentos não podem ser controlados, menos ainda, monitorados, estes às vezes perduram. A traição pela traição é solúvel, as complicações são inflamadas quando da ação se questiona com quem.  É quem promove a instabilidade utópica na relação que de fato incomoda não a ação propriamente dita.

Surgem os porquês e a necessidade de obter respostas. Inutilmente, já que não se sabe ao certo formular as verdadeiras perguntas.

Mas, a baboseira toda de traição e o conceito de sujeira física e psicológica são completamente desconstruídos a partir da visão por parte da única chance de experiência, afinal ninguém poderia saber como seria a materialização da pessoa perfeita no universo paralelo, em apenas 1h30min se não a experimentasse.

Esse seria o prazo máximo de duração. Depois as pessoas complicam tudo, porque a adrenalina e sentimento de liberdade são viciantes, naturalmente querer mais seria o próximo passo, o que não acontece. Havia uma hora, um lugar, uma pessoa, uma atmosfera propícia. Nada se repete. Nunca é igual, melhor, pior, nunca igual.

Apesar de todas as regras, o controle, as imposições, não evitam a tão temida traição.
Mas, evitar ou se privar de conhecer tais sentimentos desorganizadores também não seria uma forma de trair a si mesmo? Se condenar a morte ainda em vida?
Deveríamos viver de momentos, intensidades ao invés de nos deixarmos escravizar pelo tempo nessa trama complexa.

quarta-feira, maio 2

Os Marcos


Marcar fases da vida vai além dos jogos de vídeogame, de superar os “chefes imortais” ou quase isso. De virar as madrugadas esperando por novas conquistas. 

Essa nova fase foi assinalada por escolhas, fazer tudo que ainda não havia feito, obviamente que caso contrário não seria novo, mas, também fazer de um jeito que somente o universo paralelo poderia proporcionar. As conjecturas que compõem a segunda opção. A que o seu outro “eu” escolheria.

Fazer diferente, começar pelo fim. 
Transformar o primeiro encontro e fazer dele a “incidência acidental”.  Chocar invés de conquistar, expurgar em lugar de tomar para si como nova consciência.

Ah! Chutar o balde ou quem estiver na frente, fugir das concepções predelineadas, não delinear coisa alguma. 

Borrar, desfocar, fazer arte...

Foi pensando assim que tomei coragem para viajar, não apenas com meus pensamentos, sobre as teorias que movem o mundo, ou os mundos dos quais temporariamente posso fazer parte, falo no sentido real da expressão. Viajei 42km em 1h, quando dei por mim estava documentando tudo outra vez.


segunda-feira, abril 30

Trilha sonora

Relação Injusta - Sua Mãe

Composição: Gabriel Carvalho, Tangre Paranhos e Claudinho Chacha

É melhor, ficar só...
do que viver com você,
essa relação injusta.

Se não é , por merecer
porque que eu fico sempre assim?
insisto tanto em te querer.

Não da mais, ficou ruim,
eu preciso de qualquer outra realidade em mim.

Aliás lá em casa, tem sido bem melhor
Aliás lá em casa, tem sido bem melhor...
sem você, sem você, volte, sem você, sem você, volte!

E eis que depois de uma noite de quem sou eu,
de acordar a uma hora da madrugada em desespero.
Eis que as três horas da madrugada eu acordei
e me encontrei, eu fui ao encontro de mim,
calmo, alegre, plenitude sem fulminação
simplesmente isso, eu sou eu, você é você
é lindo, é vasto, vai durar.

Eu não sei ao certo o que eu vou fazer em seguida
mas, por enquanto, olha pra mim, e me ama.
Não: tu olhas pra ti e te amas. É o que está certo.




O fim da letargia

Uma daquelas conversas que rolam na madrugada, quando o silêncio nos faz companhia e ajuda a assimilar as piores teorias que possam nos perturbar.  Aquela frase singela do melhor amigo é uma ótima oportunidade para que seus horizontes ganhem outra interpretação, os polos do universo se abrem e você finalmente se encontra, se estiver a sua procura, claro.

“Ei, essa pausa tá longa demais” – foi dessa maneira que o meu amigo/confidente e também jornalista/blogueiro Elton Tavares definiu minha ausência do mundo das letras, pensamentos ácidos e cibercultura nos últimos quatro meses.

Esse meu sono profundo e apatia suspensa sobre os fatos que mais mexeram na minha rotina, não foram extremados para deixar meus leitores com gosto de quero mais.  Longe de mim tamanha pretensão.  Aliás, rotina é uma palavra em desuso no meu vocabulário atual. O motivo foi nada além da confusão generalizada em minhas ideias mais burlescas.

Não deixei de escrever, pelo contrário, só me contentei em mostrar para duas pessoas, as mais pacientes: Elton Tavares e Ewerton França. Amigos que me aturaram nesse tempo todo... e em outros tempos também.

Um dia cheguei a cogitar que se os fracassos fossem subsequentes eu largaria tudo para começar de outro ponto, sob uma nova ótica.  Foi o que fiz e isso não é novidade por aqui.

A mudança foi tão brusca a ponto daquela minha antiga definição de mim “de pertencer a lugar algum e ser de todos os lugares” estar tão atual... E não saiu como imaginei, nada seguiu meu plano infalível. 
Acreditei em muita coisa e duvidei de tudo, com mais força do que anteriormente, inclusive dos meus potenciais. Como canalizá-los? A que me dedicar?

É como ser escrava de uma situação e quando liberta não saber o que fazer com as novidades. Resolvi ser outras pessoas, ou tantas quantas fosse possível.
Comédia, pura e sem graça!

Mas, aprendi que:
*  Não se pode ter um novo amor sem resolver paixões mal resolvidas, elas agem como monstros do armário prontos para te devorar no próximo sonho. E talvez você venha a ser igual ao seu pior inimigo.

* Adaptação nunca é simples, mas na simplicidade você pode começar a admirar sem tentar influenciar em nada a forma com que algumas pessoas veem o mundo. Talvez o mundo delas seja muito mais bonito que o seu. Então, deixe como está.

* Faça tudo que tem medo de fazer, isso inclui perder o charme característico de sua personalidade em um porre épico. Porque ninguém tem nada com isso mesmo e você não pode morrer sem antes saber como é uma amnesia alcoólica.

* Encha a bola de um cara que acabou de conhecer, fique com ele se tiver vontade, faça-o acreditar que você seria capaz de se apaixonar só por causa do timbre da voz, mesmo que não seja verdade. É lindo o brilho nos olhos dele e o poder ainda é seu.

* Ouça músicas que você detesta, as pessoas se divertem mais. O rock and roll nunca vai abandonar sua alma confusa, ele sempre será seu porto seguro, quem você realmente é. Não importa qual a sua condução (carro, moto ou cavalo), você sempre será do rock, bebê!

* Dance, dance, dance muito, divirta-se como nunca, talvez não haja uma segunda vez.

* Faça um piquenique daqueles que você só viu em ensaios fotográficos de revistas... Escolha um dia em que o clima ainda estiver bom, depois que chega o inverno não é tão divertido assim.

* Registre tudo, mesmo que seja impossível de mostrar para alguém.

* E, finalmente, mesmo que não haja ninguém para ocupar o seu coração, ou aqueles pensamentos acompanhados de boa música até às 6h da manhã, o importante é sentir que ainda é capaz de amar. Mesmo que o seu jeito seja assim, meio torto, porra louca, complicado, explosivo... Porque segundo o seu melhor amigo/psicólogo: “você cria uma situação difícil, deleta a solução da sua criação e fica deprê”...Esta sou eu, mas poderia ser você também. Rs rs

quinta-feira, abril 19

Horas de aprendizado

 Nunca conheci um alguém tão debochado quanto minha mãe. Estávamos no ônibus com destino ao Uruguai para passarmos um dia de menina (compras) quando fui alertada por ela para que prestasse atenção na conversa de duas mulheres, as quais não pude ver de quem se tratavam para melhor descrevê-las...

Era uma manhã cinza, uma daquelas que costumo utilizar para viajar em lembranças e talvez sonhos ainda não realizados. Havia chovido na noite anterior e fazia um pouco de frio.

O pouco que ouvi pude compreender que uma delas se tratava de uma hipocondríaca, que sofria de flatulências e descrevia com riqueza de detalhes o processo sofrível pelo qual era submetida após a ingestão de determinados alimentos.

Fui pega de surpresa pelo vermelhidão meio aroxeado das bochechas de minha mãe, que quase sem sucesso, se exprimiam pra não deixar escapar o riso debochado provocado por aquela conversa sem sentido.

Na tentativa de dispersar tais pensamentos ela resolveu me explicar os por menores da paisagem, sendo eu "grossa de cidade" nunca havia visto uma plantação de soja. 

Na minha visão leiga se tratava de flores miúdas alaranjadas, coisa linda de se ver. 

Em seguida, uma plantação de milho, arroz e azevém (esta última é pastagem específica para o gado), barragem de irrigação, e por fim ela não poderia perder a chance de me apresentar alguns animais. 

Disse com um tom que somente ela sabe usar, como quem fala com criança sobre coisa séria:  - Minha filha aquilo é um avestruz.  - Fiz uma expressão antipática como quem diz: Eu já sabia, mas confesso que não tinha prestado atenção e achei aqueles “patos” um pouco mais alto e magros que o normal, nada parecido com os que havia visto na fazenda do tio Davi.

Ela não contente continuou:
- E... finalmente, aquilo são vacas.
Fitei seus olhos castanhos bem delineados e com aquele cumprimento de cílios que invejo, de imediato e junto soltei uma sonora gargalhada. 

Foi só o início de uma tarde maravilhosa entre “los hermanos”.