"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

sexta-feira, maio 25

Cemitério do Dragão

Duas conversas, duas pessoas diferentes. Emoção de formatos díspares, mas não menos intensos.


A primeira aconteceu dias antes. 
Meu pai havia chegado de viagem e contei-lhe sobre meu retorno aos escritos, enquanto abria as janelas do navegador para que ele pudesse lê-los nos blogs com os quais colaboro. Antes de terminar a frase, fui interrompida. 

Com tom crítico ele disse que não achava prudente assumir dois novos compromissos, quando não escrevo mais para o meu endereço na internet. Silenciei. O fitei e pensei duas vezes antes de responder. Minha garganta embargou, a voz quase não saiu. 

Respirei fundo e disse:
_Não podia voltar a escrever para reclamar da minha vida. Só falar mal não adianta... 

Ele discorreu suas críticas. Eu me defendi, justifiquei, até convence-lo (talvez) de que não poderia atulhar meu espaço com discursos repetidos, reclamações infundadas e disseminar meu mau humor. Não havia novidades. O cenário mudou, os personagens, mas não sentia mudança em mim.

A segunda conversa foi ontem, com meu grande amigo Eltão. Depois de me contar como foi seu dia, das recomendações que lhe fiz, das risadas, postei um texto, gerado em razão de outro texto, ainda pela metade. 

Ele leu, gostou e comentou:
_Égua, Hellen. Que texto bacana. Sofrido, mas muito bom!

Eu lhe disse do quanto sofro ao não conseguir escrever. 
Nos últimos tempos, anteriores à mudança, o sentimento de que havia emburrecido martelava muitas vezes, nos pensamentos na saída do trabalho, nos papos com os amigos, nas imagens que olhava sem ver, sem notar diferenças. 
Todas as vezes que lia meus textos antigos reconhecia neles a paixão que me faz falta hoje.  Me perdi.

Ele continuou:
_Todos têm momentos bons e ruins, mas você voltou com tudo, parece que foi recarregada no Cemitério dos Dragões.

Essa referência pra quem não lembra é do desenho Caverna do Dragão, e as armas dos heróis eram recarregadas no Cemitério dos Dragões, onde a mágica era mais poderosa.
Pode crer!

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