"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

quarta-feira, maio 23

Fitness para quem não curte

É muito fácil tachar as pessoas de vazias, apontar o dedo crítico e estabelecer distâncias confortáveis de quem julgamos não ter conteúdo, faço isso mais do que inspiro.

Sempre fui dessas de querer mais de todo mundo, dos lugares, das conversas, para ter a sensação de ter aprendido alguma coisa que me fizesse alguém melhor. 

Nada a meu ver está bom o suficiente. Um dos temores da minha vida, cuja lista interminável a mantém em destaque, é um dia vir a nivelar pela mediocridade. Se fizer isso manda cremar, morri!

Apesar dessa rudeza toda, nem sempre julgo um livro pela capa, episódio controverso à parte, conheci o irmão de uma amiga, não muito próxima... O tipo Hércules, corpo malhado, cabelo liso castanho claro até os ombros, rosto forte (não era bonito, mas não servia para ser feio), tinha um trapézio de dar inveja a muito viciado em anabolizante, obtido com anos de natação e jiu – jitsu... Ai, ai!

Mas, hahaha, sempre tem que ter um “mas”, aquela embalagem toda que chamava atenção, deixava a desejar nos “extras” (quem hoje se contenta com o dvd sem extras ou making off?). Depois de um tempo o via como as embalagens novas de shampoo, pagamos mais caro por elas a cada “relançamento”, mas o conteúdo não faz os milagres como os que propaganda promete.  

Com o tempo desenvolvi a técnica de ouvir somente o que me interessava, quando fiz comunicação social e, finalmente estudei a linguagem corporal foi o ápice para viajar em pensamento, enquanto aquela conversa sem solidez, acompanhada de uma voz irritante insistia em querer testar meus nervos, lá ia eu analisar se mentia, omitia, ou o observar como o restante do corpo reagia. Foi a melhor forma de estabelecer quem realmente detinha poder diante daquelas circunstâncias.

Porém, em lugares específicos não é possível fingir não ouvir nada. Hoje por exemplo, não deu para evitar as conversas de duas senhoras que discorriam animadas sobre culinária, trocaram receitas e manifestaram seus gostos apurados para pratos especialmente fortes.


Segundo as tais senhoras, delícias como lentilha com bacon, macarrão com salsichas e outras infinidades das quais não recordo... Ditas enquanto executavam  a sequência para seus respectivos abdomens. Na verdade não dá para falar enquanto malha, porque fazer exercício localizado dói, de onde tiram força para falar meu Deus? Deveria criar um aparelho específico para malhar a língua.

Não é a primeira vez que ouço esse tema na academia. Quando não falam da vida alheia, falam em comida. 

Esperar por trocas de conteúdos que acrescentem nossas mentes famintas por conhecimento, em todos os lugares é muita arrogância da minha parte, principalmente se o desejo coletivo for o de caber no jeans justíssimo ou aquele vestido que só dá para entrar a vácuo e não parecer uma linguiça mal enchida, já é algo (esse último é desejo meu). 

Pode parecer preconceito porque talvez de fato seja, mas buscar isso na academia é bobagem, lá tem uns carinhas que não são bonitos e não haverá nada no mundo que os transformem de uma forma decadente em Mun-Rá, então eles se olham, se amam e se acham. Bom para eles, porque todo mundo tem que ser feliz mesmo! 

Outros perfis muito comuns são as pessoas que não precisam estar lá e as que não vão adiantar nada. (Nesse momento seco o veneno no canto dos lábios).


Daí você me pergunta, se é tão ruim por que eu frequento? 

Tenho que admitir que apesar da minha preguiça física e impaciência mental, fazer exercícios tem feito bem à minha saúde, nesse caso os médicos e especialistas não mentiram. 

Respiro melhor, porque aqui é frio e a asma e outras “ites” resolveram dar o ar da graça e se encostar nesse corpinho. E, também porque estabeleci novas metas, não comento muito sobre isso, mas fui atleta dos 11 aos 23 anos, depois resolvi ser sedentária mesmo, agora colho os frutos. 

Contudo, quando a gente passa dos 30 anos é preciso tentar manter tudo no lugar até quando for possível e não curto tomar cápsulas com promessas de me deixar apresentável. Dizer que remédio segura é estupidez.

Outro dia duas "acadêmicas" frenéticas falavam uma para a outra: 

_ A mulher para ficar bonita tem que sofrer. Se não doer, não resolve!

Grifo meu: Saudades do shake da Herbalife! Rs rs.

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