"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

quinta-feira, fevereiro 7

Fase embrionária

A submersão atual são projetos cinematográficos, curtas, documentários e webséries. Esse contexto às vezes se confunde com ansiedade dos textos escritos, me refiro ao contexto jornalístico. 

Não acredito que irei distinguir as duas linguagens, porque quando me tornar cineasta, ainda serei uma jornalista. Então será uma convergência inevitável, baseada nas experiências que trago comigo.

Porém, minha conduta junto aos meus novos colegas tem sido abreviada. Ainda me mantenho invisível, não apresento propostas, nem discuto possibilidades, apenas observo e reconheço perfis. Território novo e novas estratégias de atuação.

Adentro em uma atmosfera na qual as pessoas são diferentes, trazem um peso cultural distinto. Contudo, me sinto díspar com relação a minha própria personalidade, consigo permanecer em silêncio por mais tempo do que um dia imaginaria ser possível. 

Não sinto necessidade de compartilhar o que sei, às vezes menciono algo que qualquer um poderia ter dito ou identificado, mas que por algum motivo, não o fez... 

Ainda não sei ao certo o motivo desse comportamento aprendiz, se quero aprender mesmo ou não tenho aquele desespero em ver os resultados como antes. 

Não sei se egoísmo, receio de ferir alguns egos acostumados a aplausos, conheci tantos por aí, gente capaz de tudo, das práticas mais vis por um lugar ao sol, que acredito ter me cansado de tentar mostrar outros possíveis caminhos de acrescentar intelectual, cultural e não menos presunçosa, até humanamente.  

Hoje fui a uma reunião para discutir o roteiro. Quando o li achei interessante, por se tratar de uma estética que nunca fiz. Lógico que identifiquei os erros e porque não dizer, a egocentricidade do autor e o medo gritante de que “alguém” estragasse sua obra. Me vi ali, enfurecida com meu editor... Quem nunca? Ninguém gosta que mexam com seus ”filhos”. 

Mas, cinema é coletividade e apresentar um roteiro é permitir que outras pessoas possam criar baseado nele. Salvo especificidades de execução de algumas etapas onde não há outras formas possíveis, em síntese é isso. 

Até agora o que vi foram fragmentos de mim, engenheiro de obras prontas e isso não é um elogio, muito menos verdade. Blá, blá, blá faço melhor, blá, blá, blá vamos ganhar dinheiro, blá, blá, blá profissionalismo.

Mas, enfim... Vamos mergulhar na produção audiovisual e esperar pelo amadurecimento das ideias.

segunda-feira, fevereiro 4

Tudo novo


Quando posso aproveito minha reclusão. Usufruo da capacidade de ignorar pessoas das quais não sinto falta ou que não têm nada a me acrescentar, mas que a vida tratou de distribuir pelos cantos por onde passei. Algumas pessoas vivem a me lembrar disso.

Desventuras agem como fantasmas a me assombrar.

Minha tolerância com comentários ridículos, atualmente se tornou nula.

Perdi o pouco tato que tinha do politicamente correto. Gente que pensa ser o umbigo do mundo desapareceu. Desconhecem que também tenho umbigo e meu mundo é governado por ninguém além de mim ou os meus. E estes não duvidam, pois não permito.

Aprendi recentemente a me livrar da culpa de não atender um telefonema indesejável, ou não responder um sms igualmente desnecessário. E quando questionada digo que não estava a fim e ponto final.

Penso que pessoas que acreditam ser capazes de interpretar o que não exponho são totalmente incapazes de entender o que digo.

Quando gosto de alguém falo, quando me interesso por um homem, ele saberá por mim, mais ninguém. O resto é ridículo e inaceitável. Não dou indiretas, não finjo ser quem não sou. Tudo a partir dessa lógica é excluído, descartável.

Outra vida se abre à minha frente e apesar da aparente receptividade, piso em ovos. E temerosa me desloco a diante. Sinto dificuldades em falar, talvez não tenha tido nenhuma necessidade real. Não até o momento.

Vender meu peixe ficou tão maquinal que tenho desfrutado do meu direito de permanecer em silêncio... Ainda assim, não me faltam solicitações. E, isso me aterroriza ainda mais.

Questionamentos do tipo: O que me denunciou? Por que eu? Qual a diferença? Perseveram em se solidificar madrugada adentro. Fiz do receio um método de me camuflar e, nessa coisa tão nova, apenas desligo. Não me cobro mais, nem menos.

O cenário mudou, mas ainda não sei o que, além disso.

Não gosto de praças ou lugares abertos, não quero tomar uma cerveja gelada enquanto faço negócios, mesmo que estes sejam puramente profissionais, isso é uma prática do tempo de Ulysses Guimarães e ninguém sabe aonde ele foi parar.

Não misturo as coisas, pois conheço o caminho que elas podem percorrer.

E apesar desses parágrafos parecerem desconexos, tudo faz sentido. Cansei de ser tão boazinha, cansei de me importar com os sentimentos alheios.

Olá, esta sou eu, vestida de rolo compressor.