"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

quarta-feira, dezembro 30

Mais mortal

 Hoje fui racional, já não lembrava da sensação desde que perdi meu controle remoto…
  Senti um misto de saudade, raiva, perda, ganho, tristeza, alegria, compaixão, dor, liberdade, prisão, prazer… tudo hoje.
  Quero minha vida de volta, ter controle sobre mim outra vez.
  Quero ter vontade de planejar, não sentir afetação… Já me afetei demais, fui “afetada”.
  Lembrei de onde sempre tirei minhas forças, da raiva, e há tempos não sentia.  “Não entro em uma briga, tão pouco corro delas” durante muito tempo, nem sei mensurar quanto, esse foi meu lema, minha armadura, minha pele.
  Mas, amor demais, te deixa doce, suave… E as pessoas não devem ter dúvidas quanto a participação delas nisso tudo. Não sei se acredito no acaso, duvido menos ainda. Já fui descrente, hoje não sei se creio menos ou mais. Minhas dúvidas me conduzem a raciocínios lógicos.
  Senti que também posso fazer amigos, e abraçar as pessoas sem sentir medo dos micróbios, rsrsrs.
  Ouví-las, falar com elas. Reconhecer o brilho no olhar, mesmo que seja de dor, de amor. De satisfação, de sonhos.
  Quero sonhar também, chega de pesadelos…
  Mas os dias todos iguais não são suaves, nem doces o tempo todo.
  É hora de descer do pedestal em que me colocaram, sujar os pés, suar mais, porque chorar eu já sei…
Meu sistema teve um up grade, agora aprendi a sentir mais. Falta retomar planos novos. Sentir, sentir, sentir… Essa palavra tem um significado maior para mim nesse desfecho de ano.
Quero uma alma nova.
Percebi coisas novas, pessoas, sensações, me sinto mais humana, mais mortal.

2 comentários:

  1. Programinha de carnaval... ler blogs comendo jujuba, detalhe, toda descabelada e com uma roupa bem velhinha e toda rasgada.rsrsrs.

    Quando li essa sua frase me arrepiei todinha... "É hora de descer do pedestal em que me colocaram, sujar os pés, suar mais, porque chorar eu já sei…" Em 2005 eu imaginava que já conhecia o mundo, que já era adulta o suficiente na questão "amadurecimento". Fui apresentada ao "projeto SESC LER" e conheci a comunidade do Mucajá.
    Céus!!!... A primeira vez que desci na comunidade tive vertigens, o vômito vinha até a boca, me deu febre, enxaqueca, alergia. A cada cena que eu me deparava "o mundo girava na minha cabeça, e eu girava no mundo", meu castelo estava sendo destruído e tudo o que eu tinha aprendido até naquele momento passou a ser "nada". A partir dali comecei a ser meio camaleoa e aquela foi a minha primeira troca de pele. Aquele lugar fétido me fez fez ver que a única coisa que tinha de podre lá era EU. Eu dava aula pra E.J.A e encabeçava o projeto na tentativa de levar a aquelas pessoas ESPERANÇA, e a partir daí atingir os seus filhos e netos para que eles pudessem mudar aquele lugar através da educação. A minha primeira vez por entre as palafitas foi escoltada, mas em todas as outras eu era SÓ. Depois de um tempo eu era a PROFESSORA Cláudia, aquela esperada sempre com um cafezinho todas as terças e quintas-feira, pra ouvir as histórias de cada morador, tentar resolver, ajudar, incentivar e levar palavra de conforto, enfim, EDUCAR.
    Minha querida, chorei ao ler o seu texto, relembrado toda a minha história como educadora. Penso que somos tão pobres de espirito as vezes, damos tanta importância a futilidades, aos nossos problemas, ao cotidiano corrido e nossas tarefas inadiáveis e tudo mais. E ESQUECEMOS que em nosso entorno há pessoas que precisam apenas de um olhar de compaixão, de carinho, de amor pelo próximo mesmo. Gente que sobrevive em meio as mazelas sociais e ainda assim, consegue nos dar o sorriso mais sincero, e se dar por completo para nos fazer sentir bem. ISSO É A VIDA! Hoje sou melhor, sou gente de verdade, tudo porque desci do pedestal e sujei meus pés de lama.
    Bjão!

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