"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

quarta-feira, outubro 6

Lekfull (brincalhão)

por M. Mertz

Tulips Não sei o que estou fazendo; talvez o objetivo seja esse mesmo. Lembra quando te falei de presentes, que a vida nos dava presentes de uns jeitos estranhos, que por vezes precisávamos nos perder para encontrar algo valioso? Eu falei a verdade.

Mas não sei o que acontece quando esse algo valioso parece nos tirar do caminho onde nos achávamos, e nos arrasta para um desconhecido com a promessa de encontro. Você não mora aqui. Eu sei, você acha essa frase óbvia e a conversa vai continuar. Mas você não mora aqui, e a obviedade disso é o que encontro todas as manhãs no lado da cama em que você não dormiu, em todas as despedidas que não são pausas para nossos compromissos, mas retorno à realidade.

E no fim de cada ligação, tenho de perceber que um minuto a mais seria um furto de nossas vidas, porque não vivemos juntos. Não pertencemos ao mesmo mundo. Estamos sendo irresponsáveis e tolos por achar que estarmos cientes da dor nos torne imunes, não torna. Estou cada dia mais assustado e cada dia confio mais a você. Será a ânsia de todos os amantes confiarem de si ao outro para estarem sempre lá, feito os trejeitos que nos percebemos tendo, muito depois do fim?

Eu tenho dormido dias inteiros, como se minha cidade nem merecesse ser vista e o ápice das vinte e quatro horas são os teus telefonemas.
Decidi livre e conscientemente existir só nesse nosso planeta impontual e imaginário, e fico mesmo indignado quando ele se autodestrói tantas vezes ao dia. Ontem te provoquei até brigarmos, confesso. Até eu sentir a tua raiva e ouvir tua voz ficar firme “estou apaixonado! É diferente”.

Precisei desligar ali, porque era com isso que eu queria dormir. Não uma despedida condescendente que me permite a vida, que me entende as horas e me compreende os fardos. Não a confiança do amor simples, eu queria a insegurança apaixonada. Que é inimiga das horas, não perdoa atrasos e odeia a ausência, porque ontem eu tive medo.
Tive medo de bruxas.

* Recebi esse presentinho e divido com você.

4 comentários:

  1. Também tive medo de bruxas...

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  2. Você é fantastica escrevendo. Sou teu fã. Bjus

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  3. Obrigado, Amor Cafona, pela visita e comentário, é a primeira vez que comentas. Como diz minha amiga Thay, fizeste uma blogueira feliz.
    Fiquei em dúvida se gostas dos meus textos ou deste em que comentastes, devo destacar que este não é meu, é presente de um amigo muito querido http://corramarciocorra.blogspot.com/
    talvez gostes do blog dele também. Agradeço novamente por expressar-se e volte sempre. Beijos.

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