"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

segunda-feira, maio 21

De vítima a algoz


Se tornar alguém que você mais odeia não é algo que você idealiza, simplesmente acontece.
Alguns sentimentos que não são propriamente assimilados fazem com que seu comportamento seja exatamente como aquele que o ofendeu, magoou e fez um rombo enorme na sua compreensão de certo e errado. “O homem é produto do meio” - Parece mais uma explicação plausível num contexto muito abrangente. Fácil de admitir se tentar simplificar tudo.

Divago muitas vezes em meus textos, mas o alicerce é sempre de coisas que percebi e analisei, raramente falo de sentimentos totalmente meus. Este é quase uma confissão.
Quase, porque creio que a partir do momento que tenha que ocultar tantos fatores importantes se torne uma história onde possa observar outros pontos de vistas que divirjam do meu...

Enfim, atualmente acredito que as histórias dos relacionamentos têm o tal começo, meio e fim. As finalizações não necessariamente precisam ser rompimentos desastrosos, cheios de mágoas, com todos os sinônimos ofensivos que conseguir lembrar e o que não for possível recordar que existam, sejam criados na hora. Mas, não pensei sempre assim...

Houve um tempo em que pensei ter acumulado fracassos ou passatempos para algo maior, que julgava não haver soluções. O tempo passou e me provou o contrário, sempre existe a tal solução, apenas não é como gostaríamos.

Tive uma história, escrita a quatro mãos, não a desenvolvi sozinha, era noite e chovia. E, foi assim muitas noites depois. Ponte e vírgula nos separavam e depois houve um abandono, ninguém mais quis escrever daquele jeito e as páginas ficaram amareladas pelo abandono...

Não sei ao certo quando foram retomadas, mas isso aconteceu e novamente páginas jogadas ao vento, para não lembrar que um dia a história teve começo e este seria o fim, sem fim.  Apenas lágrimas de ódio, por ter faltado mais respeito e sobrado muito amor... Quem sabe?

Um dia pensei ter amado alguém, era um homem cheio de qualidades e desajustes, o que as pessoas chamam de defeitos, eu não era cega por ele, via os tais desajustes e eles me eram bem incômodos, o suficiente para abrir mão do que julgava ser amor.

Entretanto, não poderia muda-lo como fiz com os outros com os quais tive alguma história, se não deixaria de ama-lo. Melhor que permanecesse platônico, mas a coisa saiu do controle. E deter o controle era zona de conforto da qual já havia experimentado e não me era mais atraente. Me joguei do tal precipício... Na época imaginei que havia sido em vão. Mais um erro para minha coleção.
Tudo então mudou, principalmente a maneira com que via o mundo, os meus mundos e as personalidades esquizofrênicas que poderia assumir, agora haviam se resumido.

Decidi que não haveria de assumir relacionamentos e principalmente,  meus sentimentos por mais ninguém, jamais diria novamente:

_ Eu quero você para mim! – Ou coisa semelhante.
A onda agora seria curtição. E, foi o que me propus a fazer. Na primeira saída, a má vontade, umas biritas e do nada um anseio enorme de beijar na boca... Louca, louca, louca. Olha quem pareceu estar viva novamente?!

No dia seguinte...
- Que saco esse lance de dia seguinte! Não precisa ligar, ou pior ir até mim, não serei a mesma da noite anterior, não quero lembrar, foi coisa de momento e já passou.
Mas, não as pessoas tendem a se envolver e já me vacinaram sem que eu pedisse.  O resultado foi magoar quem não me devia nada.

Se disserem meu nome para ele hoje, talvez faça uma expressão facial muito parecida com a que fiz até uns meses atrás quando ouvia outro nome, o nome dele, daquele que supunha ter amado.

Hoje não me importo mais. Curei minhas feridas. Me perdoei e acho que ainda não amei, porque amor não dói. O que dói é estar vivo e a gente se acostuma.

Agora sim, minha história teve fim. Um final feliz porque sei o que fiz, o que me foi feito e de tudo que tirei proveito.
Me venci!

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