"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

sexta-feira, agosto 14

Ponto e vírgula nos separam

O ponto e vírgula é uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto, esse ponto final, pior que isso é uma história sem fim, autores que abandonam obras. Inacabadas, jogadas pelos cantos, deixam vestígios de sentimentos…dúvidas, indecisões e uma solidão camuflada, daquelas que se sente mesmo acompanhada.
A coisa toda era mais ou menos assim:
Nua, sem armadura
Olhos sem brilho, garganta sem nó
Língua que fala, que cala, que lambe
…só por um instante, não estava mais só…
Ele disse:
Era um e não estava só
Eram dois que faziam nós
A nudez que a armadura revela
Permanece enlouquecida diante da língua
A míngua
Querendo sede e água
Querendo brasa e calma
Querendo provar a si mesma
Como quem estremece pensando em sentir
A entrega plena e sutil
Violenta e viril
Que ali acontecia
Permanecia
Entristecia
Na embriaguês do sono
Ela disse
Vamos brincar
Vem vamos brincar
Vou mandar
Mandou
Brincou
A noite passa
O tempo agora dorme
Na esperança de acordar
Se o tempo dorme
O que acontece com ela?
Como ficam seus desejos?
Seus medos?
Seus olhos?
Seus sonhos?
Seu colo?
Ponto e vírgula nos separam;
Ninguém prometeu nada, não há culpa nas projeções, só estão vazias, sozinhas…como têm que ser.
Autoria: H.Cortezolli e A. Brito