Os últimos dias têm sido tensos, não sei avaliar ainda a gravidade. Não acredito muito em níveis de gravidade, quando a situação se enquadra em tais patamares é sério e pronto. Nossos problemas sempre são maiores que os dos vizinhos, é comum pensar assim. Pena que isso não se aplica também quanto às notícias boas, daí a coisa inverte, a grama do vizinho é sempre mais verde.
Essa volta toda para dizer que se preciso escrever hoje, é mais para conseguir concatenar minhas ideias... Se eu pudesse ter superpoderes queria ser invisível, entrar e sair de lugares onde não pudesse ser notada, poderia ainda acumular a função “ler mentes”. Assim, ficaria mais fácil saber o que os médicos pensam, quando diagnosticam seus pacientes, já que eles não nos dizem muita coisa...
Na terça-feira, 14, acho que consegui realizar esses dois desejos, quase perdi minha mãe, há dias corremos (meu pai, meu irmão e eu) com ela para médicos, entramos e saímos do hospital. Até que a situação dela se agravou ainda mais.
Meu irmão já foi enfermeiro nos tempos de caserna, atualmente com 26 anos, lida com máquinas. Chegou a salvar vidas e perdeu uma delas. O mano é sangue frio, chega a ser meio ríspido às vezes, sobretudo com minha mãe que é extremamente teimosa. A vida inteira foi ela quem correu conosco. A mãe sempre sabia como me salvar, a mim principalmente com minhas milhares de alergias que nem o médico sabia identificar... Meu pai por outro lado, fica totalmente paralisado, mas acho que ontem vi meu pai em desespero. Totalmente travado, repetia “Ai, meu Deus. Ai, meu Deus”, com os muitos desmaios da minha mãe.
Quanto a mim... precisava pensar, agir rápido, sem saber como agir, mantê-los calmos (até parece que alguém fica calmo em situações desse tipo, racionalizar ou raciocinar) e equilibrar a situação. Me sentia de fato invisível, e via no olhar das pessoas alguns indícios de todo o tipo de sentimento, até mesmo desdém. Nas vozes isso também era facilmente percebido. Tem gente que não cuida da própria vida, da própria família, mas se enche de moral para apontar aos outros.
Para encurtar a história e do pouco que me recordo em função da minha anestesia natural, que impede o resgate dessas memórias, vi minha mãe definhando enquanto aguardava uma avaliação médica. Ela forte e guerreira como é, foi envolvida no meu abraço… quase pude levantá-la...
A médica finalmente veio e mandou com urgência que ficasse no oxigênio, que lhe dessem três bolsas de sangue, o mínimo para um ser humano se manter estável é 15 alguma coisa... minha mãe tinha apenas 5.
Foi então que mais uma etapa dessa peregrinação se iniciou, em função de um regime que fiz de urgência para parecer magra em minha defesa de TCC, não pude doar... Mandei mensagens por sms para amigos, colegas de trabalho e a ajuda veio rápida, graças a todas as forças e boas energias. Dna. Lúcia está melhor, vai ficar no hospital até que possa fazer tudo que sempre fez.
Agradeço muito as minhas amigas Naiane Feitoza que espalhou no twitter e conseguiu contatos com doadores, Thainá Rodrigues pela divulgação e por sua mãe ter doado, Liliane Oliveira que conseguiu doador na PM. Aos amigos e colegas de trabalho Selma dos Anjos que fez contato com todo mundo, Kleber Soares e Jailson Santos por se prontificarem a doar, Emerson Renon e Graça Penafort que moveram campanha junto ao Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Exército, amigos, conhecidos e vizinhos com tipagem sanguínea igual. Edgar Rodrigues por doar.
Aos meus vizinhos da Sensual Moda Íntima e tantas outras pessoas que não precisaram nem entrar em contato, só doaram. Muito obrigado mesmo, não há nada que possa demonstrar minha gratidão, senão melhorar a minha qualidade de vida e colaborar com alguém, assim como fizeram por mim e por minha mãe, alguns sem mesmo nos conhecer, sem nem mesmo perguntar a quem.
Três bolsas eram suficientes para minha mãe, mas muito mais foi doado. O sangue tipo A positivo estava em falta no HEMOAP, que bom que tem pessoas que doam litros de amor! Excelente presente de Natal!!!
O que é preciso para doar sangue? | Quais as recomendações para o dia da doação? |
Ter entre 18 e 65 anos; | Estar alimentado, porém evitar alimentos gordurosos; |
Estar bem de saúde; | Dormir no mínimo 6 horas na noite que anteceder a doação; |
Pesar acima de 50kg (sem sinais de anemia); | Evitar a ingestão de bebida alcóolica 12 horas antes da doação; |
Apresentar documento de identificação com foto, emitido por órgão oficial (carteira de identidade, profissional, passaporte ou outros). | Evitar fumar 2 horas antes da doação; |
Ser sincero nas respostas dadas durante a entrevista; |
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Ter comportamento sexual seguro; |
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No Hemocentro do Amapá toda a última sexta-feira de cada mês acontece o Doa Mulher, um convite às doadoras mulheres a fazer esse gesto de amor.
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