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Vista do Rio Guaíba, em frente ao Museu/Galeria de arte da Fundação Iberê Camargo |
Às vezes custa até que as sensações permitam ser traduzidas
pelos toques suaves e apressados no teclado.
Por dias me contive, até quando a maior das necessidades se
fez quase sufocante, no momento em que precisava compreender minhas novas
percepções.
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3° andar das galerias |
Não é sempre que se entende
um mundo novo... E isso me deixou ainda mais confusa. Não era o que sentia que
me perturbava, mas o porquê de sentir.
Assim como são raros os momentos em que se está perdido e
caminhando sem parar por até duas horas, sem perguntar a ninguém o caminho
certo, quem nunca passou por isso, não sabe o que é estar perdido.
Então, o frio não doía e aquela manhã tinha um charme
estranho... O sol depois de dois dias cinzas dos quais confesso ter sentido
saudades, apareceu esplendoroso. Que filho da mãe! Como pode ser tão exibido,
num cenário que dividia a natureza com a selva de pedra, da qual sempre quis
fazer parte.
Eram blocos e mais blocos de concreto, dispostos de um jeito
especial, ladeado pelos 496 km² de um lago conhecido como rio e
aquele tapete de betume espesso por onde os carros desfilavam precipitados, e
as pessoas ignoravam toda a conjectura da coisa, culpa da rotina. Onde de um lado e de outro
transitavam veículos diferentes, e daquele ponto de vista, pareciam tão próximos.
Um contexto envolvente onde não cabiam falas.
Mais surpresas no interior e a visão seletiva nem sabia por
onde começar, ninguém poderia indicar quais caminhos seriam os mais apropriados
por mais que a arte fosse composta por teorias.
A cada curva de cada lance
acima havia mais de alguém cujo nome de origem Tupi “Iberê”, (significa nome de
personagem de ópera, e traz a energia das artes. Há quem diga que o nome não
tem tradução ou simbologia específica) provocava reações diversas, as obras
tinham períodos peculiares e era possível sentir a vibração de cada movimento,
independente da técnica... Eu poderia passar o dia lá, sem cansar.
Em especial a tela que mais rendeu reações, era um misto de energias boas e ruins que pareciam saltar aos olhos, promovia angústia e alívio, dor e prazer, um 3D quando não se cogitava tal tecnologia. Dependendo de como
foi seu dia apreciá-lo no fim de tarde, talvez conseguisse traduzir tudo que
sentiu, quem sabe até mais. Eu teria na parede da minha sala... contrário a outra opinião tão bem argumentada.
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Foto: Éverton Fagundes |
Rio Guaíba
O Guaíba é um grande lago ao qual a capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre está ligada. Descoberto há pouco mais de 20 anos, depois de pesquisa da UFRGS e universidades norte-americanas. Rico em biodiversidade, o lago integra diversas espécies vegetais e animais, que requerem preservação.
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Foto divulgação: Fundação Iberê Camargo |
Iberê Camargo
Um dos grandes nomes da arte brasileira do século 20. Autor de obra extensa, que inclui pinturas, desenhos, guaches e gravuras. Iberê Camargo nasceu em Restinga Seca, interior do Rio Grande do Sul, Brasil, em 1914. E empresta o nome ao Museu/ Galeria de Arte na Avenida Padre Cacique, 2000, Porto Alegre, RS.
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Foto: Hellen Cortezolli - No final do passeio é possível comer bem. |