Um registro do Mestre das Ilusões
Depois de meses viajando por mares nunca d'antes navegados, eis que Los Piratas de los Bares recebem uma mensagem na garrafa. Era o Mestre das Ilusões, convocando uma reunião de cúpula na velha Adega Gaulesa. Às 21h em ponto a Piratinha Red já estava a postos - o próprio Almirante Corsário foi quem a conduziu até lá.
Quando o Mestre das Ilusões chegou, o Corsário seguiu para uma missão pelos mares do leste, deixando na taberna o Mestre e a Piratinha, que logo convocaram a presença de La Mexicana Caliente, acompanhada, é claro, de Bohemia muita cogitada por lá. (Obviamente, que mais tarde uma notícia obtida sob tortura revelou que as camponesas ingênuas e peitudas que servem as bebidas na taberna desconheciam a existência de rum no recinto*).
Algum tempo depois chegam o Capitão Alma Negra e o Poliglota. Este último vinha acompanhado de um marujo que acabara de pescar uma Baleia. A Aspira e a Bandeira não deram o ar da graça - provavelmente a Aspira estava com seu marinheiro e a Bandeira... bem, a Bandeira não tem mais jeito mesmo, vive a tremular fora do eixo.
O Marujo Pescador de Baleias logo foi embora com sua caça e lá ficaram apenas a alta cúpula pirata. Um detalhe que chamou a atenção dos piratas foi que as Baleias estão aparecendo com mais frequência nos mares de cá, esta caçada pelo marujo pescador tinha apresentava em sua pele externa uma estampa que se assemelhava a uma zebra psicodélica.
Em seguida, o Corsário retornou de sua missão nos mares do leste e se juntou ao intrépido grupo. Mas a noite estava estranha. Parecia que uma maldição havia tomado conta da velha Adega. Certamente, aquela já não era a mesma Adega Gaulesa de antes.
Um grupo musical se apresentava da forma mais destoante possível. O som que dali saía mais parecia uma sinfonia macabra, como se não bastasse tal despautério os membros daquele clã maldito atraíram para o ambiente um performático assassino, rege a lenda que ele encontrou Elvis Presley e por pura inveja resolveu mata-lo com requintes de crueldade, não contente com triste feito é acusado de comer vivo um ser transgênico, por mais de uma vez.
La Mexicana Caliente também já não tinha o mesmo sabor. Só o atendimento do velho Gaulês permanecia o mesmo, com seu sotaque francofônico inconfundível.
O Mestre das Ilusões também estava muito estranho: antes de chegar à Adega ele havia tomado uma poção medicinal de um certo ovado (druida especializado em curas). Misturada à cerveja da taberna, a poção gerou uma reação adversa, fazendo com que o Mestre das Ilusões ficasse completamente confuso, chegando mesmo a desconhecer as dependências do navio (em num desses devaneios chegou a confundir o convés, com um salão enfeitado com redes ou terá sido rendas?).
O Capitão Alma Negra, em uma conversa reservada com a Piratinha Red, revelou sua mais nova arte: a Vodkamancia, um oráculo milenar russo, por onde se pode ver o presente, o passado e o futuro através de um copo cheio de vodka. Segundo ele cada borbulha é um recado do incógnito.
Só quando a velha taberna já estava pronta para fechar as portas foi que o grupo musical teve uma melhora. Janis, a Feiticeira de Freudjung (lê-se "froidiung) tomou a iniciativa de entoar seu canto xamânico de versos libidinosos que mexeram com a sensualidade de todos ali presentes: "Conga-la-conga-conga-conga-conga"...
Finalmente, a taberna fechou suas portas. Como sempre, Los Piratas de los Bares foram os últimos a sair do recinto. O Corsário levou a Piratinha Red.
Antes de sair da Adega, o Capitão, o Poliglota e o Mestre das ilusões ainda quiseram matar sete anões vestidos de pijamas amarelo e preto, que insistia em afrontá-los na taberna, pelo menos durante toda a noite um possível confronto foi esperado. Mas, foram informados de que se tratavam apenas de uma cerca de proteção da própria Adega. Foi aí que os donos da Adega resolveram dar de brinde aos piratas mais uma cerveja e uma última dose de vodka, para que eles fossem embora o quanto antes.
Ao ultrapassarem o Arquipélago dos Ladrões, os bravos piratas foram surpreendidos com um cardume de sereias andróginas que repousavam num imenso coral, esperando para atacar os navegantes mais distraídos.
Os piratas conseguiram se desvencilhar rapidamente das sereias andróginas, mas elas certamente lançaram algum encantamento maléfico que atingiu em cheio o Pirata Poliglota.
Os outros, no entanto, conseguiram escapar, mas o Poliglota, atingido pelo encantamento das sereias andróginas, adquiriu uma forma bizarra, prateada e cintilante. Era uma mistura de tartaruga ninja com a Sininho de pantufas, uma “tartusinitufas”. O Capitão e o Mestre, sem esboçar um mínimo de complacência com o companheiro de viagem, tiveram um ataque de risos, fazendo com que o Poliglota pulasse da Barca Furada e pegasse a primeira canoa que passava para se refugiar em sua cabana, no longínquo Golfo de Zeliolange.
O Capitão e o Mestre seguiram sua jornada e assim terminou mais uma louca aventura de Los Piratas de los Bares.
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