Foi preciso um tempo... para que as coisas se ajeitassem, para que o peso que carrego comigo agora, fosse assimilado e em seguida aceito. Não que não tivesse ocorrido antes, contudo agora soa diferente, pesa diferente...
Levei alguns dias para organizar meus pensamentos e recordar as sensações que tomaram conta dos meus momentos mais importantes até aqui. Me refiro a colação de grau, cujo texto de autoria do meu amigo Elton Tavares reproduzido nesse espaço me emocionou e fez com que meus passos fossem refeitos...
Enfim, havia chegado o dia da colação de outorga de grau da turma de jornalismo Alexandre Brito. Tive de lembrar que no dia anterior não pude sentir o cheiro de nada e muito menos consumir qualquer tipo de alimento, meu estômago nervoso rejeitava tudo, fazia com que ficasse ainda mais nervosa, com medo de desmaiar, passar mal na cerimônia, de pôr tudo a perder diante da minha fraqueza mental. Quem manda nesse corpo afinal, minha mente ou meu estômago?
Naquela manhã, do décimo sexto dia do mês de março do ano de dois mil e onze, acordei melhor, não fui trabalhar e deixei a chefia avisada dos motivos. Não perdi o tempo de costume sentada em frente ao guarda roupas de portas abertas sem saber o que vestir (é faço isso todas as manhãs, durante pelo menos cinco minutos), calça jeans, camisa, sapato, muito rímel e lá estava eu, pronta para o ensaio. Choveu a manhã toda, mas no horário até que a chuva fez um charme... Permaneceu fina e constante, e de certa forma agradável porque não uso guarda chuvas, rsrs.
Depois do ensaio, fomos buscar a beca, meu namorado, papai e eu, um almoço rápido e salão. Deus sabe o quanto frequentar salão de beleza me estressa, mas desde que conheci o trabalho da Cristiane, é suportável. (Depois divulgo o banner do salão aqui). É só ir à hora marcada e lá está ela, com um sorriso de orelha a orelha pronta para te atender...
Tudo cronometrado, meu cabelo ficou pronto rápido até, tinha duas horas de espaço para um banho (não tem como não tomar banho de novo com o calor que faz em Macapá), vestir a beca e fazer a maquiagem. Contudo, minha mãe precisava sair perfeita de lá também, essas duas horas foram reduzidas para meia hora. Já na escadaria do Teatro os amigos me esperavam e o Chico Terra, estava a postos com seus flashes quase ininterruptos, fiquei muito feliz por isso. Maksuel Martins também se fez presente, até o cabelão de benguear ele cortou, fiquei preocupada como fará para os próximos shows, mas me tranquilizou dizendo que providenciaria uma peruca, rsrs.
Fotos e mais fotos e sorrisos, éramos todos sorrisos, o frio na barriga sumiu. Apesar de uma hora antes da cerimônia como manda o protocolo para que as fotos pudessem ser registradas sem pressa e com todos que desejássemos posar... A espera foi ficando tensa, faltava só a Stefanny Marques para completar o quadro de formandos de jornalismo, quando me avisaram que ela tinha apenas quinze minutos antes do encerramento do período para assinatura da ata de colação, alguém aí lembrou do meu estômago?
Essa fase superada. Fila para a entrada no Teatro das Bacabeiras, dos formandos e seus respectivos paraninfos, lembro de não lembrar de nada. É isso mesmo, por dois momentos fiquei emocionalmente cega. Tantos flashes e luzes naquele lugar enorme, me fizeram perder a sensibilidade das pernas e mal sentia meus passos. Até sermos acomodados nos lugares reservados, tudo que pensava era em não chorar, afinal estava muito emocionada.
Ah! Como poderia esquecer da presença da Lili (Liliane Oliveira), já falei dela aqui no blog, amiga querida, que abandonou a faculdade para conquistar seu posto de policial, lembram? Ela foi ver a irmã que também colava grau, em cerimônia anterior a minha e ficou para nos prestigiar. Quando vi a Lili chegando, comecei a chorar, ela tinha uma das melhores notas, era para ela estar conosco também, mas fez suas escolhas (já está de volta à faculdade e termina ano que vem), mesmo assim, imagino o quanto foi difícil não estar com a turma (ou o que sobrou dela), muitos ficaram para trás. Senti falta deles o tempo todo e por isso engoli o choro em muitos momentos. Pessoas que me são muito caras, Márcio Mertz, Leandro Cavalcante, Diego Almeida, Vanessa Salgado, Ingrid Sane, Ane Gláucia, Graziela Miranda, Dayanne Lima, senti falta deles.
O Plácido de Assis, me disse uma vez que nunca me esqueceria porque fiz parte de sua história e, um trecho do discurso fiz fez alusão exatamente a isso, nossa história. Não podia olhar para Maiara Pires também, se tem alguma guerreira nessa “nossa história” sem dúvidas é ela. Todos os obstáculos do mundo resolveram se colocar diante dela e ainda assim os superou. Tão pequena e tão grande! Admiro muito essa minha amiga.
A cerimônia correndo naturalmente bem, até que me desliguei, onde eu estava, não sei... foi quando ouvi meu último nome... levantei e segui em direção ao púlpito, naquele momento meu “mecanismo agiu por ele mesmo”, não senti meus passos e quando entreguei o canudo a moça do cerimonial, novamente a cegueira. Ergui meu rosto para a plateia e não vi nada além de nuvens, busquei as palavras escritas na folha de papel A4 e não encontrei sequer um parágrafo, aqueles segundos pareceram intermináveis. Até que respirei fundo e voltei sei lá de onde...
Depois disso foi só festa e mais festa, até acordar no dia seguinte com um peso enorme. Amanheci jornalista também por formação e sim, mudou algo em mim, mais responsabilidade, mais cuidados com o que for dito, melhor apuração, maiores os pensamentos antes de proferir qualquer opinião, tudo ficou maior, agora qualquer erro também se tornou maior e imperdoável.
Algumas pessoas gostaram, outras não entenderam, escolheram partes do discurso com as quais simpatizaram mais. Cada um interpreta como lhe convém, mas devo destacar que usei minha acidez peculiar e, acho que foi a primeira vez que meu pai se arrepiou com um texto meu.
Discurso na outorga de grau da turma de jornalismo Alexandre Brito
Saudações aos membros da mesa, às pessoas que destinaram seu tempo precioso para nos prestigiar nesta noite e aos colegas formandos aqui presentes.
Por falar em presente: Escolhemos a instituição que nos seduziu com a ideia de que qualidade de vida é uma conquista. Se somos todos conquistadores então, merecemos essa recompensa.
É claro que as batalhas com as quais nos deparamos ao longo de todo o processo de evolução nesses quatro anos, nos ensinaram a enfrentar nossos próprios medos, estes sim, são os únicos inimigos capazes de nos fazer desistir. Não perderemos para mais ninguém, senão para nós mesmos.
A história destes formandos do curso de comunicação social com habilitação em jornalismo, começou com cinquenta e seis pessoas em uma sala de aula cheia de expectativas, sonhos e ambições. Onde tudo era novidade, mesmo para os que ali traziam consigo alguma experiência na área da comunicação, aqueles segundos se tornariam minutos, horas, dias, semanas de uma vontade enorme de mudar o mundo.
Fomos tomados pela primeira impressão, que logo em seguida aprendemos que pode ser desconstruída. Nem sempre a primeira impressão realmente é a que fica. Isso a academia nos ensinou.
E, na comunicação reconhecemos os modelos e antimodelos, os profissionais que queremos ser e os que jamais sairão de nossa memória, como sendo os maus exemplos, aqueles que temem a concorrência, que sonegam informações, que usam de artimanhas escusas para conquistar um lugar ao sol. Mas, que são o mal necessário, afinal de contas sem eles, como poderíamos distinguir os bons, dos ruins. Isso a academia também nos proporcionou.
Tivemos a oportunidade de ter nossos sentidos aguçados pelas aulas/shows dos professores Carlos Magno, Luciano Araújo, Alexandre Brito, Antônio Kober, Márcia Aquino, Jack Barbosa, Sílvio Carneiro, Lucile Leane, Catarina Moutinho, Anísio Neinerv, Roberta Scheibe, Raquel Schorm, Ricardo Nogueira, Bruno Marcelo, Regina Célis, Jacinta Carvalho, Kelly Tork, Cláudia Arantes, Letícia Ferreira e Dione Amaral. Todos colaboraram para que nossos horizontes pudessem ser expandidos.
Ao longo dessa jornada nos questionamos muitas vezes quem queríamos ser, quem nos tornaríamos? Talvez a única certeza que obtivemos, foi a de em quem não queremos nos transformar, naqueles profissionais frustrados, que nivelam pela mediocridade, que se contentam com pouco ou ainda que mancham a postura ética que a sociedade acredita ser a verdadeira função do jornalista, informar. Ao invés de prestar um desserviço a partir da manipulação das notícias em virtude de seus próprios interesses.
Quanto vale esse diploma? Vale todos os dias e noites de dedicação aos estudos, de abdicação de desfrutar da companhia dos familiares, amigos, amores, festas ou viagens. Para que este dia chegasse.
Esse é o valor que tem um pedaço de papel, almejado por muitos, apesar da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, em derrubar a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão.
Não resgatemos qualquer discussão sobre quem tem ou não diploma/ os conhecimentos apreendidos nos pertencem, bem como a convivência e amizades que levamos para fora das salas de aula. E, para dentro das melhores lembranças que carregaremos conosco.
Para concluir o nosso muito obrigado a todas as pessoas que fizeram esse momento possível e que participaram direta ou indiretamente de nossa história.
Turma de Jornalismo Alexandre Brito
Hellen Cortezolli
16/03/2011
Amiga minha, esse peso que se chama responsabilidade como vc bem colocou, agora será carregado por nós pelo resto de nossas vidas. Afinal, conquistar esse prêmio não foi nada fácil p/ nenhum de nós. Foram dias, semanas, anos de expectativas e frustrações. Afinal, é mania de jornalista pensar que pode mudar o mundo, bobinho.. Ficam as lembranças de uma convivência cheia de momentos incríveis. Lembro de quando vc disse que Comunicação não era muito a sua praia, principalmente, por causa de sua timidez. Mesmo assim, persistiu até o fim do curso nos enchendo de orgulho. Felicidades, amiga e sucesso sempre! Bjs.
ResponderExcluirE aos amigos que não formaram conosco, força e perseverança que vai dar td certo! Estou na torcida por tdos. abs!
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