No ir e vir da cadeira de balanço, que esconde e descobre as imagens da rua, vistas por entre as grades do portão... Refaço meus passos até essas horas.
Teoria dos refúgios, Ilha das Flores e uma vontade enorme de não mais dividir...
Pensamentos, sentimentos...
...que sufoco, reprimo. Aprisiono como a água por entre os meus dedos. O que não é mais segredo e até cego vê.
O aperto no peito que sinto agora, não é a lingerie de tamanho menor, nem de um amor não correspondido, nem perda... É uma grande falta de ar.
Corpo febril, mais pesado que de costume, voz rouca e surda, sai rasgando a garganta. Não tenho mais amígdalas (extraída aos dois anos). E já faz tempo que não sinto falta...
Não ouço mais nada e me entrego aos poucos. Ora quente, ora frio.
E as asas da fantasia de ninfa, ficará para a próxima oportunidade. Penso e faço tudo nas últimas horas, sob pressão... Mudo de idéia e não quero mais.
Vou me empanturrar de uvas grandes e suculentas, trazidas numa sacola com “zíper”. Como uma a uma, e penso em Júlio César, Roma, amor livre. Ninguém é de ninguém.
E Baco, acho que voltei muito na história.
A garota que colava cartazes do evento nos próximos dias, não partia nunca. Fez um comentário infeliz. Os meninos disseram que eles têm algo em comum. Que ela também gosta de meninas. Olha o amor livre aí. Por mim tudo bem, desde que não seja eu.
Proíbo que me amem. Não façam, não gosto. Me armo até os dentes e me afasto.
“E a nudez que a armadura revela”...
Não lido bem com essas coisas. Sem demonstrações públicas de afeto. Me afetam. Talvez...
Imagens barrocas, vestidos esvoaçantes, magia.
Ninfas e as fotos que não irei fazer, a febre não abaixa...
Fotos, máquinas... A natureza morta que não registrei pela manhã.
O gatinho branco, mais um cujo corpo pequeno e de pelagem branca, agora jaz... Nem sinal das outras seis.
Penso que em outra situação já recolhi um filhotinho que vi sendo atropelado, este no entanto não havia sangue. Agonizou por alguns segundos. Recolhi seu corpo ainda quente no asfalto, numa caixa de sapatos tamanho trinta e quatro. Cobri com papel de seda, coloquei embaixo da lixeira e olhei por horas, esperando que levantasse. É verdade, não são sete. E isso não faz muito tempo. Nunca tinha visto um animalzinho morrer assim. Já vi gente morta. Já beijei uma face sem vida, tive a sensação de beijar uma pedra coberta com tecido.
Não lido direito com a morte, não me desespero... E assusto quem vive ao meu redor.
Mas, hoje enquanto assistíamos TV, comentei com meu pai que queria visitar o departamento forense... Ele disse que tem um amigo lá, que come churrasco todas as noites e pode conseguir com que eu vá. Será que agüento?
Me vi em dois caminhos, se eu não agüentar, é sinal de quão frágil eu sou. Se agüentar, cuidado comigo devo ter algum problema psíquico... Preocupante.
Porque tenho essas idéias?
De volta.
Vida, morte.
Sensibilidade, rigidez.
Olhar perdido pela janela do quarto, que descobri uma noite dessas que é possível ver a lua, por entre as grades e o telhado do vizinho. Bem espremida, ainda assim a enxergo. Me fascina... Tem influências sobre mim também, mas como tudo com o que não lido bem, ora procuro entender, ora fujo.
Me sinto mal. Acho que não devo fazer planos para amanhã...
Teoria dos refúgios, o que será que aprendi hoje?
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