É um tremor que faz com que o corpo fique paralisado e
conforme os primeiros toques nervosos na caixa, bumbo, surdo, pratos, chimbau
produzidos pelo Magrão em sua bateria inconfundível...
As batidas do coração
aceleram e os olhos ansiosos se esbugalham e alertam os ouvidos para o que está por vir,
os rifes da guitarra do AJ e do contrabaixo do Tássio Callins, entram em cena
nessa sincronia eletrizante, ali por entre as mesas dispersas no salão do Sesc
Centro, ele, Sílvio Neto, que sem cerimônia toma seu lugar no palco do Projeto
Botequim e solta sua voz.
E quem esperou que o Tributo a Raul Seixas fosse mais um
daqueles encontros saudosistas cheio de imitações, sentiu a essência do que é “Uma
viagem a Anarkilópolis”... Um caminho sem volta na criatividade musical, no
talento da Banda Tio Zé com o charme, irreverência e autenticidade que Sílvio
Neto consegue exibir a cada nova apresentação, porém, senhoras e senhores, nada
comparado a esta noite.
Banda Tio Zé |
Aquele processo químico descrito inicialmente nessas linhas
tão desconexas, cujas frases e pensamentos tortos relembram a todo o momento aquela
entrada por entre a gente que se fez presente no mesmo lugarzinho do ano
passado, com um jeito de barzinho e restaurante comportado, que mal tem espaço
para dançar... Cuja luz pouquinha é para sugerir um magnetismo meio
descomplicado ao público que frequenta o lugar.
Ferveu como água quente, ou sangue bombeado em veias assim
meio insurgente. E toda aquela coisa que acontece a um vulcão, talvez até o
sétimo círculo do Vale de Flegetonte...
E que Dante Alighieri me permita roubar-lhe parte avessa ao que sugere sua Divina Comédia. O inferno nesta noite não é do mal, somente insinua
a violência com que a sensação de presenciar a energia da música, do timbre das
cordas vocais do Mestre das Ilusões e do desempenho no palco, quiseram nos
mostrar e provocar. Ali pelo palco também esteve presente como o Mestre
mencionou, o próprio Raul Seixas.
Violento, foi o estremecer das bases em que nós meros
espectadores nos pusemos a admirar o talento daqueles caras e o melhor, que
visivelmente se divertiam.
A viagem a Anarkilópolis conduzida pelas mãos, vozes e
ouvidos da banda Tio Zé e Silvio Neto vão ficar por algum tempo retida em nosso
subconsciente, a exemplo do que deve ser uma “Sociedade, realmente, Alternativa”, o público emocionado quiz mais.
*Em nome da família Cortezolli, agradeço pelas músicas e principalmente pelo show!
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