"O texto simplifica meu eu complexo, ora é aliado, ora me faz refém".- Hellen Cortezolli

quarta-feira, março 31

Entre preto e branco, prefiro o cinza

Minhas lentes às vezes me flagram. Falar sobre hoje me remete a uma sensação agradável de viagem, daquelas em que arrumamos as malas sem dor de cabeça, nos acomodamos na poltrona confortável de um ônibus, (achei melhor imaginar um ônibus, já que no avião nunca relaxo) recostar a cabeça no vidro da janela e ver as listras do acostamento quase entrarem uma na outra, diante da velocidade em que os pneus tocam o chão. Deslizam suavemente, fingindo não encontrar os milhares de buracos no asfalto. Ver a paisagem do campo passando, como se ela estivesse em movimento ao invés de nós, árvores e pequenos arbustos apostando corrida. Me faz lembrar da serra… saudades de viajar assim… Saudades de casa.
Acho que toda essa nostalgia é resultado de um dia cinza que meu saudou logo de manhã, quando acordei.
Adoro dia cinza, com a mesma intensidade com a qual odeio a segunda-feira…
Escrevi há muito tempo o que o dia cinza significa sob meu olhar aguçado, na época eu tinha meus quatorze anos e estava muito apaixonada… dizia eu, em voz alta quando fazia o caminho de casa depois das aulas de inglês:
Quando você não está, o dia fica cinza, a terra emudece e o céu é testemunha da falta que você me faz”…
Às vezes repito isso, mas não para um alguém definido, é como se existissem mais de mim, espalhados por aí. Como num universo paralelo.
Hoje fiz minha parte. Me doei em muitos momentos e, adivinha?
Me diverti muito, então: Viva o cinza! Que é a fusão do preto com o branco, do bem e do mal, heróis e bandidos, anjos e demônios…

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