Um amiga vai viajar... de verdade, não as viagens que faço todos os dias, ela vai pra Santa Catarina. Nessa época do ano faz muito frio lá, mas para os nortistas qualquer ventinho já é frio.
Então, ela me pediu ajuda para achar algumas peças para vestir, lugares onde comprar e tal... quando chegasse lá.
Enquanto pesquisava e dava umas dicas bateu uma saudade enorme...Queria caber na mala, sei que sou compacta. Mas, seria para não voltar mais.
Sinto saudades do frio, da palidez da pele, dos copos de quentão, dos corpos cobertos de roupas, e das idéias oriundas disso. Como será no verão?
Aqui no norte não rola isso, não tem mistério, tudo está sempre tão amostra, tão intediante. Não são particularidades que não vemos quando estamos no sul, a curiosidade às vezes está só no fato de não vermos as mãos embaixo das luvas, o pescoço escondido pelo cachecol, a silhueta, porque milhões de moletons fazem volume...
Das conversas sem ter que dar bilhões de explicações pelo que se quis dizer, nem mudar a entonação para que ninguém fique magoadinho... Basta conversar, sem se esquivar dos toques nada bem vindos, dessa pegação desnecessária.
Ok! Já sei como se comportam... mas, não sou assim, não adianta. Ao contrário do meu pai, não pertenço ao lugar onde estou.
Na verdade não pertenço a lugar nenhum... nem a ninguém. Sou senhora do meu domínio, destino e das minhas vontades.
Tô com tanta saudades de casa, do vento frio, das folhas que caem no outono, das combinações de botas pesadas com vestidos levinhos, de calor humano só para se aquecer, num gesto unicamente egoísta... Dos rocks espalhados por vários locais na cidade, onde quase não encontramos os "arroz de festa", "figurinhas repetidas", "piriguetes", lá para as atiradas , nos referimos como "chinas", e não chamamos, elas vem aos montes, como em qualquer outro lugar. São maus necessários, imagina se só existissem "moças pra casar"?
Viva o híbrido!!!
Mas, realmente estou com tantas saudades de casa, que poderia caber numa mala... pra não voltar mais.
Preciso muito viajar.
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